Pintar é uma arte influenciada por fases interiores dos artistas que retratam o sentimento em forma de linhas, cores e conceitos inseridos em telas brancas.
O Grupo Superfície, de Pelotas, simboliza esses sentimentos em obras coletivas, e traz a exposição “In.vento” para o Sesc Lajeado até o dia 31, de segunda à sexta-feira, das 8h às 20h, e aos sábados, das 8h às 12h, com entrada franca.
Do curso de Pintura do Centro de Artes (UFPEL), alguns artistas descobriram afinidades na convivência em sala de aula e resolveram continuar se encontrando semanalmente no ateliê dentro do Ágape, espaço de arte em Pelotas, para produzir, estudar e expor seus trabalhos.
Desses encontros, surgiu a primeira tela criada pelo grupo que em 2010 era composto por oito artistas. De forma coletiva, cada um podia interferir em todo o espaço pictórico da maneira que seu sentimento quisesse se expressar. A tela foi exposta em uma grande mostra organizada pelos professores do Centro de Artes, em um antigo depósito de lã.
Com a experiência, o grupo iníciou os trabalhos coletivos, participando de exposições em Pelotas, Porto Alegre, Bagé, Santa Maria, Montevidéu, Montenegro e Bento Gonçalves.
Arte em expressão
Entre uma pincelada e outra, Daniela Meine conta que o processo de criação do grupo já passou por várias etapas. “Nos primeiros anos, a pintura era mais intuitiva, carregada de formas, linhas, manchas e cores, existia uma necessidade do exagero, beirando um certo caos. Mas com o passar do tempo o espaço foi sendo olhado de outra maneira, onde figuras da natureza foram surgindo, dialogando com as linhas e manchas.”
Dessas linhas e elementos também surgiu a preocupação com a seleção da palheta de cores que em alguns momentos é mais suave e outros mais fortes, evoluindo até a fase em que o grupo se encontra hoje, voltando o olhar para as suas produções antigas e recriando detalhes, em telas grandes, em um novo inventar que deu origem à exposição “In.vento”.
Hoje quem contribui para os trabalhos artísticos do grupo são quatro pintoras: Carla Borin, Carla Thiel, Daniela Meine e Mariza Fernanda. De tela em tela e de expressão em expressão, elas carregam mais do que uma recompensa visual ao público nas mostras.
Segundo Daniela, todas elas têm envolvimento com a arte e com a educação. “Mesmo sabendo que viver de arte é muito difícil, o fato de estarem faz oito anos juntas, pensando e atuando no meio artístico é uma prova de que é necessário resistir, porque a arte sensibiliza, humaniza e educa”, conta a artista.
Do trabalho individual é que surge as ideias para o coletivo, e é por isso que elas mantêm as produções próprias. Esse é um fator imprescindível para que o grupo se renove e para que as artistas se alimentem em seus processos.
“O público é essencial para que o grupo siga trabalhando, é fundamental que os trabalhos sejam sentidos, observados, criticados, entendidos ou não, eles precisam de alguma forma provocar”, conta Daniela.
Bibiana Faleiro: bibiana@jornalahora.inf.br