Nada de novo no front da Justiça

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Nada de novo no front da Justiça

Os advogados de Luiz Inácio Lula da Silva aguardaram a efetivação momentânea de um desembargador mais chegado ao PT para impetrar com o pedido de habeas corpus e, pasmem, o sujeito o concedeu. A manobra judicial parece ter acordado uma boa parcela da população. Até então, fingiam não perceber que tais artimanhas são absolutamente comuns neste meio jurídico. Corriqueiras. E para todos os lados.
Não foi à toa que o processo de Lula foi parar no colo do midiático juiz curitibano, Sérgio Moro, cuja proximidade com a direita está estampada em fotos dos mais diversos eventos sociais. “São apenas eventos, como ele vai negar uma foto?”, disfarçam os fervorosos fãs. Tá bem…Em todos esses eventos, por sinal, o magistrado superstar aparece de gravata borboleta, tal como manda o figurino.
Não foi à toa, também, que o PT indicou Dias Toffoli, notório inexperiente na área jurídica, para assumir uma das cadeiras na mais alta corte do país, o STF. O mesmo serve para Alexandre de Moraes, nomeado por Michel Temer ao supremo enquanto era ministro do governo do PMDB. Ou do polêmico Gilmar Mendes, nomeado pelos tucanos após passar pela Advocacia-Geral da União no governo do ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso.
Política, ideologias e Judiciário andam juntos. Sempre andaram. É tolice pensar em isonomia, parcialidade e outras exigências mínimas para o bom andamento do estado democrático de direito no Brasil. Todos sabem, lá no fundo, que por aqui isso tudo ainda é uma grande ilusão. Tal como no jornalismo, por exemplo.
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Claro que há importantes exemplos de bons juízes, desembargadores e afins no Judiciário. Mas são poucos, perto dos tantos magistrados ideológicos que fazem da toga uma forma de impor a própria régua moral dentro da sociedade. Tanto em questões políticas como sociais. Ou seja, não há nada de novo na ação do desembargador Rogério Fraveto. Nada. A única novidade, e por isso tanto ódio e repercussão, é o envolvimento de Lula. Só isso.
Aliás, não é preciso ir a Brasília ou a Curitiba para entender esses jogos do Judiciário. Basta olharmos para o nosso próprio umbigo, o Vale do Taquari. Por aqui, a perpetuação de promotores locais em cidades pequenas, por exemplo, já se mostra extremamente danosa. O excesso de compadrio é ruim para a Justiça. E poucos têm a hombridade de declarar a própria suspeição em determinados casos. Pouquíssimos!
Como mudar essa realidade e fazer com que apenas os bons magistrados e demais agentes da Justiça reassumam as rédeas do nosso já apático Judiciário, eu ainda não sei. Poucos devem saber tal receita para dar fim à impunidade. Se formos observar outras democracias, o sistema de indicação ao supremo, por exemplo, não difere tanto assim da nossa. A maioria é decidida pela classe política. Ou pelas oligarquias. Onde estaria, então, o nosso erro?


Emendas impositivas

Impressiona o nível de desvirtuação entre os poucos vereadores favoráveis ao mecanismo de emendas impositivas em Lajeado. Insistem nas abobrinhas para emplacar a infeliz ideia. Não há justificativas. Chega de cumplicidade. Afinal, quem em sã consciência e nesta altura do campeonato ainda defende mais poder individual aos políticos? Eu respondo! Quem defende mais poder individual aos políticos é cúmplice de toda essa desgraça política que nos assola. É cúmplice, sim, da perpetuação de maus políticos.


Liberação da maconha

O projeto do deputado Paulo Teixeira, do PT de SP, chega em hora errada. Lançá-lo sob as sombras das eleições é só uma tentativa maquiavélica de angariar votos junto aos simpatizantes da causa. O parlamentar teve quatro anos para propor essa imprescindível mudança na legislação, que dará direito para cada indivíduo decidir se quer, ou não, fumar maconha. Mas da forma como está proposto – impedindo o empreendedor de vender, por exemplo – e lançado a três meses do pleito, é só politicagem.


Tiro curto

– Posso estar enganado. Mas tenho a impressão de que o vereador lajeadense, Adi Cerutti (PSD), fala de Lula em todas as sessões. Seria amor?
– O Consulado dos EUA em Porto Alegre já emitiu mais de 70 mil vistos em um ano de funcionamento no RS. Malditos ianques…;
– Não faz sentido uma cidade do tamanho de Lajeado não contar com talonário eletrônico para os agentes de Trânsito. É muita irresponsabilidade do poder público. Desde 2013, são mais de quatro mil multas anuladas em função de rasuras e erros semelhantes. O vereador Carlos Ranzi (MDB) está certo: é preciso abrir uma CPI para verificar melhor tal situação;
– O Fórum dos Coredes do Estado programa debate com os candidatos a governador. O evento ocorre na AL/RS, no dia 22 de agosto. O Codevat participará;
– Em Estrela, um grupo trabalha para efetivar a candidatura de Paulo Finck (PP) para prefeito e Cristiano Nogueira da Rosa (MDB) para vice. Entretanto, o vereador, João Braun (PP), também deve entrar nesta briga;
– “Falando de Arte”. Parabéns à iniciativa de Gelson Estevez, que reuniu artistas & produtores culturais para “falar a mesma língua”. O primeiro dos encontros ocorreu na Casa de Cultura de Lajeado, na terça-feira. Vida longa e próspera aos propagadores da cultura regional!

Boa quinta-feira a todos!

“A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar”
Martin Luther King

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