A aparência é esquisita, mas a fruta é muito saborosa e já caiu no gosto de muitas pessoas. Ela surgiu do cruzamento da fruta-do-conde com a cherimoia.
É pontiaguda, tem a casca grossa e enrugada. A polpa é branca e macia. A atemoia é uma fruta exótica e já está no mercado faz 20 anos. Os irmãos Ivan, 53, e Ivair Zanchetti, 51, de Linha Marechal Hermes, Roca Sales, são pioneiros em introduzir a cultura no estado.
As primeiras mudas, cerca de 500 unidades, de sete variedades, foram compradas em Campos do Jordão (SP) há 12 anos. Mas apenas duas variedades (gefner e thompson) se adaptaram ao clima e solo da região. “É preciso cultivar em áreas com baixa incidência de geada”, orientam.
Embora na região a fruta seja pouco conhecida, semanalmente Ivair abastece fruteiras e supermercados. “Quem experimenta, compra de novo”, assegura Ivair. Boa parte das frutas é destinada para uma empresa de Farroupilha e enviada para São Paulo.
A safra promete bons resultados. “Estou satisfeito com a qualidade, tanto em relação ao sabor quanto ao tamanho”, conta Ivan. Após colhida, a atemoia precisa ser consumida em até quatro dias. Já no pé, se mantém conservada por mais de cinco meses. A colheita inicia em abril e se estende até novembro. O quilo é vendido por R$ 3.
[bloco 1]
Os primeiros frutos são colhidos após o quarto ano. No auge, atinge 80 quilos. O controle de pragas é feito à base de produtos biológicos. “Nosso pomar é orgânico. É outro diferencial”, afirmam.
Segundo ele, a atemoia alcança de 25 a 30 graus na escala brix. Isso significa que a fruta é bem doce. O morango, por exemplo, atinge apenas 10 graus. O espaçamento recomendado é de 4×5. Outro detalhe importante é a poda. “Ela precisa ser drástica. Podemos retirar até 80% da copa. A planta frutifica nos ramos mais finos”, ensina Ivair.
São Paulo responde por 45% da produção nacional.
Opção para diversificar
Conforme o técnico da Emater Deoclésio Piccoli, no município, existem três produtores. Eles cultivam dois hectares. Na opinião de Piccoli, apesar de ter caído no gosto do consumidor, a ausência de viveiros com mudas certificadas dificulta a implantação de novas áreas. “Existe opção somente em São Paulo. Quem plantar deve procurar orientação técnica e observar as condições do solo e clima”, frisa.
Para ele, a fruticultura ajudou a reduzir a dependência do tabaco. De 500 hectares, passou para apenas dois nos últimos 20 anos. Além da atemoia, pêssego, uva, goiaba e caqui ajudam a diversificar as lavouras no interior.
Benefícios
A atemoia tem altos teores de vitaminas C, B1, B2, cálcio, ferro e potássio. Ajuda no controle dos líquidos corporais e na contração dos músculos. Regula a pressão arterial e auxilia na recuperação de gripe e resfriados, é rica em fibras e fonte de energia. A casca pode ser usada para fazer geleia ou compota – enquanto as sementes (oito e dez por fruta) podem ser trituradas e colocadas sobre saladas, iogurte, sorvete e até no arroz e feijão.