O pedágio e as coincidências

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

O pedágio e as coincidências

As semelhanças entre o início do pedágio na BR-386 no já distante ano de 1998 e este edital lançado agora, em julho de 2018, não se resumem às sinuosas curvas da principal rodovia do Vale. Vão além. Tal como há 20 anos, o processo de concessão ocorre após a finalização de importantes obras no trecho. E tal como há 20 anos ocorre em meio à Copa do Mundo e ao período pré-eleitoral.
São semelhanças. Podem significar muito. Ou não significam absolutamente nada. Tudo dependerá, infelizmente, do que estará a nosso dispor no distante ano de 2049, quando, enfim, encerrar esse pomposo contrato proposto pela União – cheio de promessas de obras –, e que poderá ser renovado por mais uma década, por livre decisão do Executivo. Olha que beleza!
Mas voltamos às semelhanças. O ano de 1998 foi de intensas mudanças no trecho da BR entre Lajeado e Estrela. Naquele ano, mais precisamente em junho, foram finalizadas as obras de duplicação no perímetro urbano das duas cidades, tudo custeado com recursos do Ministério dos Transportes. O fim dos serviços praticamente coincidiu com o início da cobrança de pedágios, também em junho.
Pois bem. Passados exatos 20 anos, a situação é semelhante. A União lança o edital no mesmo mês em que deverá, enfim, encerrar por completo a pomposa obra de duplicação do trecho entre Tabaí e Estrela. Em termos mais chulos, o governo federal está entregando um “filezinho pronto” à concessionária. Um timming perfeito para o empresário.
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Algumas coincidências são mais insignificantes. Em junho de 1998, a seleção brasileira, tal como em 2018, enfrentou pouca dificuldade para avançar na primeira fase. Naquele ano, enfrentou e venceu os selecionados de Marrocos e Escócia, e perdeu para a Noruega. Neste ano, venceu Costa Rica e Sérvia, e empatou com a Suíça.
Antes era Ronaldo. Hoje é Neymar. E só.
A mais contundente coincidência talvez seja mesmo a proximidade com o pleito eleitoral. Por mais técnicos que pareçam – e de fato parecem – o edital, a minuta de contrato e o Programa de Exploração da Rodovia (PER), o processo licitatório desse contrato bilionário não deveria estar envolvido em um ano eleitoral. Evitável, não?
Coincidência (s) ou mera “viagem” da minha cabeça, eu fico com o pé atrás, sim, principalmente diante do péssimo exemplo que se seguiu após a assinatura do contrato, em 1998. E fico com o bolso tremendo. Porque gastar R$ 14 para ir e outros R$ 14 para voltar de Porto Alegre é muito para quem espera pouco de quem vai receber esses valores.


Mediocridade 1

A câmara de Lajeado está a um passo de cometer um dos atos mais medíocres de sua história. Um grupo de astutos vereadores quer aprovar um mecanismo corrupto e pra lá de maquiavélico para garantir vantagem perante futuros postulantes ao cargo: eles querem o direito de projetar, cada um, a destinação de R$ 200 mil por ano à população, mediante projetos avalizados por eles mesmos, vereadores. São as chamadas “emendas impositivas”.


Mediocridade 2

Os vereadores lajeadenses querem assumir o papel do Executivo. Com argumento pífio. Eles “acusam” o prefeito de ter 10% de livre movimentação. Ora, se estão se queixando disso, não cometam o mesmo erro. O orçamento deve ser técnico, e não eleitoreiro ou com origem individualizada, como sonham os vereadores, mal orientados diante da emenda feita para os astutos deputados. Vamos aguardar os próximos capítulos e torcer contra a velha política.


Tiro curto

– Ainda sobre o provável ato obsceno na câmara de Lajeado, vale a pena ouvir outra vez o posicionamento da vereadora Mariela Portz (PSDB) na sessão dessa terça-feira. Ela é contrária à proposta dos astutos colegas;
– Sobre os pedágios, é preciso elogiar o trabalho desempenhado pela presidente do Codevat, Cíntia Agostini. Não fosse ela, o edital traria ainda menos benefícios ao Vale do Taquari. Agora, poderemos, ao menos, sonhar com grandes obras;
– Hoje, a área de comunicação da prefeitura de Taquari participa do prêmio Famurs de Boas Práticas. Está entre os três finalistas graças ao projeto de comunicação entre o prefeito e os eleitores, por meio de transmissões ao vivo pelo Facebook;
– O governo de Lajeado volta a retirar um projeto de lei após enfrentar discórdia nos bastidores da câmara e perante a comunidade. Primeiro foi com a liberação para abertura do comércio aos domingos. Agora, com a regularização das multas por sacadas fechadas de forma irregular. Em ambos os casos, os projetos eram tranquilos. Mas viraram tempestades. Por qual razão, afinal?
– Em Arroio do Meio, reiniciaram nesta semana as obras da estrada geral de Dona Rita. Que novela!

Boa quinta-feira a todos!

“Coincidência é a maneira que Deus encontrou para permanecer no anonimato.”
Albert Einstein

 
 

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