Apreensão de armas na noite de quinta-feira em Estrela mostra o trabalho árduo pela frente para combater o crime organizado
A criminalidade aumenta à medida que as cidades crescem. Nem sempre isso é verdade. Lajeado e as cidades em seu entorno são relativamente pequenas. Ainda assim, a violência tem ocupado espaço além do que deveria.
Recentemente, Brusque e Jaraguá do Sul, ambas cidades com mais de 100 mil habitantes, situadas no estado de Santa Catarina, foram manchete em rede nacional como cidades mais pacíficas do Brasil.
Os dados do Atlas da Violência feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) são de 2015. A taxa de mortes por 100 mil habitantes de Jaraguá foi de 3,1 casos, enquanto em Brusque foi 4,1. Blumenau também está entre as mais pacíficas, com índice de 9,7.
Na lista das cidades mais violentas, Altamira (PA) lidera. São 105,2 casos de homicídios por 100 mil habitantes. Da Região Sul, os representantes neste quesito são Almirante Tamandaré (PR), Piraquara (PR) e Alvorada (RS), bem perto de nós.
Segundo o texto, “além das diferenças demográficas e culturais, o Censo Demográfico do IBGE mostrava profundas distâncias entre esses dois municípios no que se refere aos Índices de Desenvolvimento Humano”. Conforme o Atlas, enquanto em 2010 Jaraguá do Sul estava num patamar alto de desenvolvimento (IDH = 0,803), Altamira situava-se num nível médio (IDH =0,665).
Este é o índice a ser observado. O IDH da região é superior ao do Estado. Entretanto, algumas características desordenadas de urbanização ampliam a preocupação, especialmente, na cidade de Lajeado.
O contraste de Lajeado
Na semana em que figurou entre as 100 cidades mais desenvolvidas do país, Lajeado se depara diante de um paradoxo: estudo preliminar de algumas lideranças locais, com base na projeção do IBGE, mostra que 30% da população lajeadense vive em cinco bairros abaixo do Arroio Saraquá. Santo Antônio, Conservas, Morro 25, Nações e Jardim do Cedro também concentram em torno de cinco mil crianças e jovens, entre 5 e 19 anos. Formarão um terço da mão-de-obra de nossa cidade, ou podem tomar outro caminho.
A concentração populacional em áreas com menos infraestrutura e segurança é um grande vetor da violência. A cidade de Lajeado precisa olhar para isso com seriedade e compreender que a qualidade de vida, da qual seus habitantes se orgulham tanto, pode estar com os dias contados.
No passado alertei para os reflexos do projeto habitacional que levou mais 500 famílias àquela região. Hoje, menos de dois anos depois, os relatos de moradores preocupam e sinalizam precedentes para um futuro nada bom.
Como enfrentar isso? Óbvio que não será com evacuação. É necessário um olhar cirúrgico e estratégico com políticas públicas e privadas. Não apenas o município tem responsabilidade neste aspecto. A sociedade precisa se render às necessidades, se envolver e permitir que o poder público aplique recursos devidos nesta parte da cidade. Os clubes de serviços – Lyons e Rotary e demais entidades -, têm estado presentes. Mas são insuficientes.
O tráfico se estabelece
Nem sempre a densidade habitacional ou o crescimento econômico são, necessariamente, sinônimo de violência. Fator preponderante para o aumento da criminalidade são os guetos.
O trabalho contra o crime organizado é um dos motivos para cidades menos violentas.
As facções criminosas costumam estabelecer território e passam a comandar parte da sociedade onde ela é mais vulnerável. Com medo, a comunidade deixa de colaborar com a polícia e assim o crime prospera sem resistência. Quanto menor o acesso à educação, cultura e renda, mais fácil é para o poder paralelo prosperar.
Especialistas argumentam que um Estado precisa ser dividido em dois padrões: o da região metropolitana e o outro do interior, em cidades médias e pequenas onde a insegurança não é grande por causa da colonização e das influências culturais.
Entretanto, Lajeado e o Vale do Taquari são culturalmente similares com Brusque e Jaraguá do Sul, mas os números são outros. Eis a reflexão.
Certificação digital
A partir do mês de julho, os associados da Associação Comercial e Industrial de Lajeado podem encaminhar a emissão da certificação digital via Acil. Uma parceria com o Sindilojas amplia o serviço.
Todas as empresas inscritas nos regimes tributários de lucro real ou lucro presumido são obrigadas a emitir NFe e, por consequência, precisam de um certificado digital.
Para providenciar a emissão, os associados agora podem buscar o encaminhamento na Acil.
Prepare-se para estudar até o fim
De todos os recados dos palestrantes na Jornada Técnica e de Inovação, realizada nesta quinta-feira, pela SEAVAT e A HORA, uma merece especial atenção, a de Fábio Villas Bôas. Uma das maiores autoridades da construção e engenharia do país, o executivo da Tecnisa, foi direto: “preparem-se para estudar até o fim da vida. As coisas mudaram e mudarão muito”. Ele mostrou as tecnologias e inovações em curso. “Quem não se preparar e colocar na condição de aprendiz, perderá o time. Quem acha que pode continuar fazendo o que sempre fez, vai ficar para trás, ou quebrará”. Citou o exemplo de milhares de empresas tradicionais que sucumbiram por não se abrirem ao novo.
Estrela aposta na tecnologia
O governo de Estrela vai instalar 26 câmeras de vigilância no centro e nos bairros. Estará cercada de vídeo-monitoramento, algo que pode auxiliar muito as autoridades policiais.
O investimento está na mesa de todos os prefeitos. Lajeado já tem algumas e precisa pensar em ampliar esta ferramenta de apoio. Ainda assim, não será determinante para acabar com a violência.
Políticas públicas eficazes e inteligentes precisam ser pensadas, coletivamente, com reflexos sobre as demais cidades no entorno, pois o delinquente não escolhe hora e nem lugar quando percebe a oportunidade.
Educação, projetos sociais e de recreação, além de iniciativas da comunidade podem mudar o curso desalentador que se impõe faz algum tempo.
Pense e compartilhe sobre isso. Um bom fim de semana a todos!