Preço compensa menor produtividade de fumo

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Preço compensa menor produtividade de fumo

Intempéries influenciaram o rendimento. Valor pago por arroba está em média 7% acima da cotação do ciclo passado. Estimativa é de colher 667 mil toneladas

Preço compensa menor produtividade de fumo

Renato Pozzebon, 52, de Linha Moisés, Boqueirão do Leão, cultivou 78 mil pés de fumo neste ciclo. Embora a produtividade tenha sido prejudicada pelas intempéries registradas em outubro e dezembro, granizo e estiagem, respectivamente, o preço médio pela arroba compensa a oferta menor. “Com 40% da produção vendida, o valor médio é de R$ 154. O aumento alcança R$ 24, quando comparado ao ciclo anterior”, comenta.

Apesar de o clima prejudicar o desenvolvimento das plantas, a qualidade está boa. “Isso é determinante para obter uma melhor remuneração na indústria”, frisa. A expectativa é de colher 900 arrobas.

Para o próximo ciclo, a área será mantida. Quanto ao processo de diversificação, entende ser fundamental, mas a maioria das atividades esbarra na baixa rentabilidade. “Nenhuma cultura é tão lucrativa quanto o tabaco, se considerado o retorno por hectare”, analisa.

Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares (STR), de Boqueirão do Leão, José Fumagalli, apesar de as empresas não terem reajustado oficialmente a tabela, a valorização da safra chega a 7% em relação ao ano passado. “Isso ameniza em parte os prejuízos causados pela queda na produtividade”, diz.

Seleção correta

De acordo com levantamento extraoficial da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), a comercialização do tabaco da safra 2017/18 atingiu 66% da produção estimada (667 mil toneladas) para os três estados da Região Sul.

A expectativa é de colher uma safra 7% menor, em comparação ao ciclo anterior, quando foram comercializadas 705 mil toneladas. Foram cultivados 297 mil hectares. A média colhida por hectare chega a 2.250 quilos.

Segundo Paulo Vicente Ogliari, gerente técnico da Afubra, a pesquisa parcial realizada no volume já vendido às indústrias mostra que o preço médio pago pelo quilo está em R$ 9,39, enquanto em 2017 foi de R$ 8,77. “Para obter uma remuneração justa, o aconselhado é fazer a correta seleção das folhas de acordo com a classe. Muitos insistem em fazer uma mistura e quase sempre isso reflete em menor preço na esteira”, observa.

Qualidade é boa

Na avaliação do presidente da Afubra, Benício Werner, a qualidade do tabaco produzido na safra 2017/18 na Região Sul, no geral, é muito boa. A exceção ocorre na parte do RS, onde, por causa do clima (granizo e seca), é de regular para boa. “Notamos isso na média de preço que está sendo praticada”, frisa.

Werner destaca que a Souza Cruz fez acordo com as entidades representativas dos produtores e aumentou a tabela de preços em 2,2%. As demais empresas, considerando as 41 classes, não chegaram a esse percentual.

No entanto, a comercialização mostra um aumento médio de 6,8% sobre os preços praticados na safra passada, um indicativo de que a qualidade da safra é superior à do ciclo anterior. “Todas as empresas estão pagando mais do que o concedido na tabela de preços”, finaliza.

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