O aprendizado proporcionado pela horta da escola Cirandinha perpassa gerações. Com 33 anos de existência, o espaço faz parte da rotina das crianças, garante merenda saudável e propicia ensinamentos sobre o cultivo de alimentos e os cuidados com o meio ambiente.
Com uma ampla diversidade de frutas e verduras, o terreno situado ao lado da primeira instituição de Educação Infantil do município é responsável por quase todos os ingredientes que compõem a refeição dos estudantes. A produção integra a comunidade escolar e conta com a participação dos alunos, pais e professores.
As atividades fazem parte do Programa de Reintegração Educacional, Social, Assistencial e Cultural (Presac). O projeto desenvolve dez oficinas para proporcinar a experiência prática em diferentes áreas de conhecimento. Por meio da “Semana Maluca”, ao menos uma vez por mês os pequenos colocam a mão na terra para compreender o processo que envolve a produção de alimentos.
Alface, repolho, beterraba, cenoura, uva, romã, bergamota, laranja, limão, cana, milho, feijão, aipim, temperos, chás, entre outros. Esses são alguns dos ingredientes do cardápio escolar, plantados, cultivados e colhidos pela criançada. Com sacolas nos pés para não sujar a roupa, o momento de visitar a hora é de intensa alegria e empolgação.
“É uma aprendizado que eles levarão para a vida toda”, destaca a coordenadora pedagógica da escola, Juliana da Costa C. Becker. Muitos transmitem o conhecimento para casa e ensinam as técnicas de cultivo aos pais, comenta. A montagem de hortas em pequenos espaços, com vasos e paletes, o aproveitamento da composteira, entre outras lições, valem para toda a família.
“Para termos alimentos, é preciso plantar, cuidar, colocar água. Aqui as crianças aprendem todo esse processo e passam a valorizar mais aquilo que é colocado na mesa”, ressalta Juliana. Essa assimilação é de enorme importância em tempos em que as novas gerações parecem estar cada vez menos conectadas com a natureza.
Valdivo Casemiro da Silva é o funcionário da escola responsável pela horta, jardinagem e consertos gerais. Segundo ele, é muito gratificante trabalhar com as crianças e ver o empenho de cada um para plantar, cultivar e colher. “Dessa forma, eles mantêm a cultura da vida na lavoura, aquilo que os antepassados faziam na época da colônia”, comenta.
Importância social
Com mais de 160 alunos de até até 5 anos, a escola Cirandinha foi fundada em 1979, antes mesmo da emancipação de Teutônia. A horta acompanha a instituição desde 1985, quando o prédio da instituição foi tranferido para o atual local, no bairro Canabarro.
Entidade filantrópica, a Cirandinha é mantida pelo Clube de Mães Lar da Amizade, também responsável pela Casa de Idosos Opa Haus. A escola presta contas à Assistência Social e à Secretaria de Educação. A cada ano, o Executivo precisa enviar projeto à câmara de vereadores para renovar a cessão de uso do terreno, que pertence ao município.

Crianças participam de todo o processo. Do plantio até a colheita
A diretora da escola, Marioni Schüler Bayer, salienta a importância social do projeto, não apenas para a instituição, mas para toda a comunidade. Os excendentes do aproveitamento dos alimentos na merenda são doados às famílias dos estudantes ou comercializados a preço simbólico. As frutas que sobram também ficam à disposição dos interessados de forma gratuita.
“A maioria das famílias hoje não têm horta em casa ou na escola. Estamos proporcionando o momento para as crianças terem o contato com a terra”, frisa Marioni.
Saber o que se planta e o que se colhe em cada época do ano, estimular o respeito à natureza e propiciar a observação do desenvolvimento dos vegetais são alguns exemplos da relevância pedagógica da horta. “São trabalhados diversos conteúdos ao mesmo tempo, de uma forma lúdica e prática”, explica Marioni. Conforme a diretora, o projeto desperta a consciência ecológica das crianças para que se tornem futuros cidadãos com responsabilidade socioambiental. “Eu acredito muita nas gerações de hoje para mudar um pouco o cenário que temos hoje”, finaliza.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br