As tantas bergamotas que transbordam em árvores e colorem o terreno dos Hofstaetter, no interior de Forquetinha, não são consumidas apenas quando a família lagarteia sob o sol de inverno. Pela mãos da matriarca, Wanda, 59, as frutas se transformam em uma espécie de quentão.
A ideia de dar toque cítrico à bebida típica da festa junina surgiu há cerca de dez anos. Além de aproveitar a fruta encontrada em abundância na propriedade, usar bergamota no lugar do vinho ainda garante que o líquido quente possa ser degustado por quem precisa dirigir em seguida ou toma medicamentos. Ela e o marido, por exemplo, sofrem de hipertensão.
“Um monte de gente começou a fazer”, comenta. Uma vez ao mês, Wanda participa do encontro de famílias da comunidade luterana, no qual ela tem a oportunidade de trocar experiências gastronômicas com outras moradoras da localidade.
A receita não tem segredo. Para uma família de três ou quatro pessoas, por exemplo, ela usa 12 bergamotas. Isso deve render 700ml de suco puro (corte na horizontal e esprema como se fosse laranja). Para cada fruta, ela acrescenta uma colher de açúcar – medida que pode variar de acordo com o gosto de cada um e com a doçura da bergamota.
Ela dissolve o açúcar no líquido e mexe em fogo médio, acrescentando cravo e canela. Depois que a bebida levanta fervura, está pronta para servir, ainda quente. Quem quiser, pode testar a mistura com cachaça.
Segundo Wanda, a mesma receita pode ser a base de um creme para cobertura de bolo, basta engrossar com amido de milho e equilibrar o açúcar. Qualquer fruta que dê suco pode ser usada no quentão. Ela costuma usar muito, também, o maracujá. “Fica ainda melhor. A gente tem que ser criativa.”
