Consolidada como um dos principais instrumentos de qualificação empresarial do estado, a 18ª Convenção CDL reuniu quase mil participantes na sede do Clube Tiro e Caça. O público foi instigado a repensar estratégias e o comportamento diante das mudanças do mercado e do protagonismo cada vez maior do consumidor.
Primeiro palestrante do evento, Maurício Schneider abriu a programação apresentando o choque de gestão necessário para que as empresas compreendam esse novo momento, em que o avanço tecnológico altera a forma como as pessoas consomem.
Para ele, todos devem se ajustar aos conceitos da “Indústria 4.0” e compreender que as novas tecnologias são imperiosas para se manter e crescer no mercado. “Realidade virtual, impressão 3D, conectividade, internet das coisas. Se você ainda não conhece, é hora de se inteirar.”
Na opinião do palestrante, a tão falada crise não passa de uma situação inventada, uma vez que existem muitas oportunidades no cenário atual. Porém, ressalta, para prosperar, é preciso fazer diferente e parar de tratar os negócios como commodities, oferecendo diferenciais e experiências que conquistem o consumidor.
Psicóloga e coach, Fernanda Tochetto apresentou formas para mudar o comportamento das equipes de trabalho para assegurar um melhor desempenho nas organizações. Segundo ela, existem comportamentos que prejudicam as empresas e o próprio bem-estar dos indivíduos, e que devem ser combatidos por meio do exemplo dos líderes.
“Muitas pessoas, por viverem no passado, outras por desejarem apenas o futuro, vivem com ansiedade”, aponta. Segundo ela, é preciso ter clareza de quem somos e dos nossos desafios, e o autoconhecimento contribui para que as pessoas acessem seus pontos fortes, minimizem as fraquezas e alcancem resultados.
Quem não investe no autoconhecimento, alega, entra no piloto automático e segue fazendo as mesmas coisas sem se dar conta. “Seja responsável com você e ensine as pessoas a ter responsabilidade. Se você tem clareza, você escolhe onde quer estar.”
Dessa forma, acredita, o líder é capaz de ensinar as pessoas a abandonar as desculpas e se comprometer com o que realmente vai fazer a diferença na empresa e em suas vidas. “Não busque na empresa a mudança que você quer. Seja a mudança”, afirma. Conforme a palestrante, os gestores podem ensinar a equipe a evoluir se forem o exemplo maior da mudança.

Gerson Camarotti alertou para a responsabilidade de todos diante de uma eleição imprevisível e uma economia frágil
Cenário controverso
Jornalista da Globonews, Gerson Camarotti traçou o cenário conturbado da economia e da política nacional em um ano de uma eleição presidencial imprevisível. Diante de um noticiário diário em que as pautas políticas e policiais se misturam, alerta para a necessidade de a população participar e chamar a responsabilidade para as mudanças necessárias ao país.
Segundo Camarotti, a economia do país está em situação crítica e não é mais possível errar na escolha do comando do Brasil. Ressalta a inexistência de uma nova liderança no país e reforça a necessidade de fazer um debate claro sobre o projeto de governo de cada um dos candidatos que se apresentam.
“Não é hora de buscar o salvador da pátria. Não dá para entrar no discurso de quem vai vender uma solução fácil para o país”, alega. Para ele, os candidatos não podem fugir do tema da previdência e o Brasil tem que ter um debate claro sobre orçamento, algo que nenhum dos postulantes fez até agora.
Qualificação e networking
Colaborador da Unimed, Darlei Lima, 36 participa pela quinta vez da Convenção CDL. Para ele, o evento é uma oportunidade para se atualizar em um mundo onde a tecnologia impacta diretamente nos negócios. Além disso, ressalta, é um evento que favorece a conexão entre pessoas. “Sempre revejo amigos e clientes em uma experiência muito positiva.”
Para a empresária Angélica Coradi, 26, os assuntos abordados nesta edição se completam e instigam os participantes. “Tive muitos insights para aplicar no dia a dia do meu negócio.”
Entrevista
“Toda cultura nasce local com potencial para ser global”
Palestrante que finalizou o evento, o cearense Bráulio Bessa é poeta e escritor de cordel. Ele ficou conhecido nacionalmente pelos vídeos no Youtube, que lhe renderam quadro no programa Encontros com Fátima Bernardes.
A Hora –Com a poesia se insere neste cenário traçado pelos demais palestrantes do evento?
Bráulio Bessa – O choque de realidade (das palestras anteriores) é necessário, mas as pessoas também carecem de um toque de leveza. O coração pede isso. Minha proposta sempre foi falar de forma muito humana e orgânica. Começo a escrever com 14 anos de idade esperando que existe alguém para me ouvir e ler e, de alguma forma, sentir o que quero dizer. Minhas palestras refletem esse sentimento, para que cada um que está assistindo se enxergue um pouco na minha história. Sou um artista, e empreender também é uma arte.
De que forma você conseguiu utilizar a tecnologia para divulgar a literatura de cordel?
Bessa – Toda cultura nasce local com potencial para ser global. O Brasil é rico culturalmente pela sua soma de culturas. Quando começo a escrever, não tinha um palco ou uma plataforma para mostrar a minha arte para o povo. Eu encontro na tecnologia um aliado quando todo mundo fala que as redes sociais e a internet são vilãs em um processo de esquecimento das nossas origens e raízes. O problema não é a tecnologia e sim o usuário. Se pessoas criarem conteúdo cultural, a cultura vai se espalhar por essas ferramentas. A literatura de cordel sempre foi vista como algo rural, do sertão e que só fala da seca e dos cangaceiros. Mas pode ser sobre tudo. E a internet me dá possibilidade de ser protagonista. Um cabra escondido em qualquer recanto do país pode criar e distribuir conteúdo. Se eu fosse encarar de forma arcaica e enxergar a internet como vilã, nem estaria conversando com vocês.
O que o sucesso como poeta no Brasil mostra sobre o nosso povo?
Bessa – Em sua essência, nosso povo é bom. Quando você consegue despertar sentimentos bons, falando de perdão, de amor, amizade, companheirismo e solidariedade, é transformador na vida das pessoas. É fora da curva você conseguir falar isso em rede nacional toda a semana com uma linguagem que nunca teve espaço na mídia, que é a poesia. Não é comum ver poetas declamando em TV aberta. De repente um cabra com jeito de matuto diz coisas que aproxima as pessoas. Alguns poetas distanciaram a poesia do povo, e minha intenção é aproximar. Quero que a poesia abrace o maior número de pessoas.
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br