Comunidade busca resposta após assassinato

Santa Clara do Sul - MORTE DE CONTADOR

Comunidade busca resposta após assassinato

Vítima tinha conseguido a guarda das filhas recentemente. Familiares e moradores suspeitam que ex-mulher teria mandado matar José Hoffmann. Polícia Civil relata série de registros da Lei Maria da Penha

Comunidade busca resposta após assassinato
Vale do Taquari

A comoção tomou conta do velório do contador José Hoffmann, 44, nessa sexta-feira. Enquanto a filha de 1 ano, fruto do novo casamento do contador, chorava e passava de um colo para outro, familiares e amigos ainda estavam incrédulos com a brutalidade do crime que matou Zeca, como era conhecido no município.

Pai de quatro filhas – duas gêmeas de 4 anos e uma adolescente de 13 do primeiro casamento e uma menina de 1 ano, com a nova companheira, recentemente Zeca havia conseguido a guarda das filhas.

“Ele estava muito feliz. Sábado tinha encontrado o Zeca e falei que precisava visitá-lo na casa nova”, lembra o cunhado Moisés Dresch, 49. “Aí ele me disse: ‘Fica tranquilo, não vou morrer tão cedo’. Parece que ele estava se despedindo da gente”, relembra aos prantos.

O irmão, João Carlos Hoffmann, 46, suspeita da ex-mulher. “Ela vivia fazendo ameaças contra ele. João Carlos relata que, quando chegou no local do crime na noite de quinta-feira, em menos de 30 minutos que estava ali, com o corpo de Zeca morto no chão, o padrasto, marido da ex-companheira, chegou na residência do contador e disse que tinha vindo buscar as crianças.

“Nunca tinha visto o cara na minha vida. Achei muito estranho”, acrescenta.

A suspeita do irmão é a mesma de parcela da comunidade. Moradores acreditam que Zeca tenha sido assassinado a mando da ex-mulher, já que agora estava com a guarda das filhas.

“Ele só queria proteger as crianças. Não vou conseguir ir no velório. Não consegui dormir e nem comer. Meu coração grita de dor”, conta a proprietária do imóvel que Zeca alugava. “Ele era muito meu amigo.”

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Brigas constantes

O delegado Juliano Stobbe segue uma linha de investigação sobre o caso, mas não abre detalhes. “Não se trata de latrocínio (roubo seguido de morte). Os objetos, como celular e carteira, estavam com ele”, afirma Stobbe.

Mesmo separado da ex-mulher faz dois anos, o delegado aponta que há uma série de registros de casos da Lei Maria da Penha, de ambos os lados – tanto Zeca fazia boletins de ocorrência quanto a ex-mulher.

Sobre a suspeita dos familiares, Stobbe afirma que “não descarta nenhuma hipótese”.

Nessa sexta-feira, a Polícia Civil ouviu testemunhas e, a partir de agora, busca imagens e mais relatos de pessoas próximas à vítima.

Segundo moradores, os autores do assassinato fugiram do local do crime em um Golf vermelho.

O crime

Era 17h50min de quinta-feira quando, depois de ter buscado as filhas gêmeas, de 4 anos, na creche e as levado para dentro de casa, Hoffmann foi tirar a filha de 1 ano, fruto do novo casamento, do carro. Porém, antes de chegar no veículo, foi alvejado por três disparos, que lhe atingiram a cabeça.

“Depois de ouvir os tiros, corri para a rua e vi o corpo do Zeca no chão”, conta Roberto Welter, 44, que trabalha em uma pizzaria em frente à casa onde a vítima morava faz cerca de três meses, na av. 28 de maio. “Vi que um dos disparos atingiu o rosto, perto da orelha, mas do outro lado não tinha nada”, relata. Welter suspeita que Zeca tenha sido alvejado à queima-roupa.

Amigo faz quase 15 anos, Welter conta que assim que chegou ao lado do corpo de Zeca percebeu que já estava morto. “A vizinha que mora no lado, proprietária da casa que ele alugava, veio correndo e dizia ‘vamos dar um jeito de salvar ele’. Mas já não havia mais nada a ser feito”, lamenta.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

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