Cléria Elvira Sulzbach, 58, destinou mais de três décadas às salas de aula na rede municipal de Estrela. Hoje se dedica ao trabalho voluntário contando história infantis e animando pacientes hospitalares. Em clima de Copa, ela se prepara para viver o Menino Maluquinho no próximo Arte na Escadaria, no dia 1º.
• Dos personagens que já interpretou, qual tem mais a ver com você?
Acho que a Emília, porque ela é espoleta e eu também. Ela é atrevida, se arrisca e não tem medo. E eu também sou assim: não tenho medo de nada.
• De onde vem essa veia artística?
Da escola. Fui professora durante 33 anos e sempre lia muito. Todas as atividades que eu fazia eram através de uma leitura e eu sempre me envolvi em teatro. Depois que me aposentei, fui convidada pela Doca (Dolores Müssnich) para participar do Arte na Escadaria para fazer dobraduras, bichinhos de balões, e resolvi contar histórias fantasiada. Deu certo! Todo mundo gostou. Muitos que já foram meus alunos e hoje são adultos levam os filhos para me ver. Agora estou fazendo a campanha de doação de livrinhos para a gente fazer a roda de leitura no Arte na Escadaria. O que eu quero mesmo é fazer a minha parcela para ter um futuro com mais adultos cultos, porque o Brasil está precisando.
• O que as crianças te ensinaram em todos estes anos?
Que a vida é uma alegria, e a alegria está em coisas tão pequenas. É tão fácil alegrar alguém, só com um sorriso ou piscar de olhos. Só de estar parada aqui, vestida de Soldadinho de Chumbo, já estou transformando muita gente que pode pensar ‘como essa mulher tem coragem!’. Eu não sou a pessoa mais feliz do mundo, tenho um monte de problemas que não vêm ao caso, mas sempre estou alegre e gosto de deixar os outros alegres.
• Se tivesse que narrar a realidade aos pequenos, qual história gostaria de poder contar?
Uma em que as pessoas fossem menos egoístas e mais voluntárias. É muito triste ver como quase ninguém pensa em fazer alguma coisa pelo outro.
• Como o voluntariado reflete na sua vida?
Eu fiquei mais modesta. Antes eu comprava modinha, estava sempre de saltinho. Hoje eu sou modesta: não adianta nada tu ‘ter’ se tu não é feliz. Tu tem que ser feliz com as pequenas coisas.
Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br