“Agora não vamos mais passar frio”, comemora Júlia Teresinha Sambler, 45, enquanto arruma a casa onde ela e o companheiro, Jorge Nelson Barboza, 59, passaram a morar.
“Quando a gente acha que não tem mais nada nesta vida, ganha uma nova oportunidade. Estou cheia de esperança”, diz Júlia sem conseguir disfarçar o sorriso.
Por meio do programa municipal de aluguel social, o casal que vivia embaixo do viaduto do bairro Hidráulica terá garantida uma moradia digna pelos próximos seis meses.
Pela lei, diz o secretário de Habitação, Trabalho e Assistência Social, Lorival Silveira, é possível prorrogar o aluguel por até 24 meses. O custo mensal de R$ 460 será pago pelo município.

(SEM LEGENDA)
A mudança começou na noite dessa quarta-feira. Na manhã de ontem, o casal chegou à casa no bairro Conservas. “Ainda temos muito para arrumar. Aos poucos vamos reconstruir a nossa vida.”

Júlia Teresinha Sambler, 45, e o companheiro, Jorge Nelson Barbosa, 59, arrumam a casa. Mudança foi ontem
Júlia e Barboza sabem que o auxílio governamental não será para sempre. “Mas pelo menos vai ser um tempo para conseguirmos nos equilibrar”, diz ele. “Eu vou trabalhar. Tenho profissão, sou gesseiro. Logo volto a ganhar um dinheiro para não precisarmos mais ficar na rua.”
Júlia mostra orgulhosa o novo sofá. “Também ganhamos um colchão, mesa e cadeiras e armário.” As doações recolhidas pelo município foram entregues ontem. “Disseram que vão nos conseguir um fogão e uma pia.” Além do casal, a Sthas mantém o aluguel social de outras seis famílias.
Maior problema social
Estimativa do governo mostra que há pelo menos 500 famílias que moram em casas precárias, em áreas invadidas, terrenos abandonados ou na rua em Lajeado. “Sem dúvida é o principal problema social da cidade”, admite Silveira.
Para o auxílio ao casal, houve um trabalho de meses, alega. “Tentamos sensibilizá-los para saírem debaixo da ponte. Eles não entendiam a finalidade da nossa atuação.”
De acordo com Silveira, o trabalho da Sthas vai além de garantir o aluguel. A partir desse movimento, será feito o acompanhamento da equipe multidisciplinar para auxiliar na reinserção da família ao mercado de trabalho.

Casa improvisada debaixo do viaduto foi desfeita pelo município
Essa iniciativa, frisa o secretário, tem o propósito de evitar que as famílias retornem às ruas. “Não temos orçamento suficiente para sanar esse problema que vem aumentado em Lajeado.”
Apesar disso, Silveira realça o projeto de instalar um novo loteamento popular no bairro Santo Antônio. Essa política, afirma, tem o intuito de retirar famílias que estão em áreas invadidas, ou mesmo em locais alagáveis.
Nas páginas do A Hora
No dia 5 de maio, reportagem mostrou o déficit habitacional de Lajeado. Na matéria, autoridades e especialistas avaliaram os motivos para o número elevado de pessoas sem moradia. Frente ao processo de migração e à ausência de políticas públicas de habitação popular, se criaram bolsões de pobreza. O Residencial Novo Tempo, no bairro Santo Antônio, amenizou o problema, mas foi insuficiente para solucionar o quadro.