No dia em começa mais uma Copa do Mundo, histórias inusitadas e curiosas retratam a paixão do brasileiro por futebol. Filhos nascidos durante ou logo depois das duas recentes conquistas do Brasil (94 e 2002) receberam nome de estrelas da seleção. Romários, Leonardos e Taffareis contam curiosidades a partir do nome que receberam em função da seleçao brasileira
O Leonardo que era para ser Romário
Horas antes de Roberto Baggio isolar a bola e dar o título da Copa do Mundo de 1994 ao Brasil, nasceu Leonardo Luiz de Souza, em Marques de Souza. Engana-se quem pensa que esse era para ser o nome. Voto vencido na família, a mãe Andreia de Souza queria que o filho se chamasse Romário, principal jogador da seleção e autor do gol que classificou o time para a decisão. “Quando fiquei sabendo que meu filho nasceria durante a Copa, não tive dúvidas, ele se chamaria Romário.”
Com medo que muitos outros pais fizessem o mesmo, o pai Luiz e a tia Isana conseguiram convencer Andreia a colocar outro nome. “Até hoje me arrependo de não ter batido o pé e ter deixado o nome dele como Romário”, brinca a mãe.
Segundo o pai, Leonardo foi uma forma de homenagear o lateral-esquerdo titular da seleção até as quartas de final, quando foi suspenso por acertar uma cotovelada em Tab Ramos. “Achei uma injustiça ele ficar de fora do restante do Mundial.”
Apaixonado por futebol, Luiz deixou Andreia com o filho recém-nascido e foi para um bar próximo assistir à final. “Quando veio o título, comemorei muito, pois recebi dois presentes em um dia. Sou um cara sortudo.”
Leonardo é admirador do futebol do xará, tanto que, ao iniciar na escolinha de futebol, tentou atuar como lateral-esquerdo, mas depois foi recuando e hoje é goleiro. “Ele teve uma carreira intocável por onde passou, ganhou quase tudo, uma pessoa de caráter tanto que é um dos diretores mais importantes nessa crescente do PSG.”
Questionado se faria o mesmo os pais, Leonardo deixa a dúvida no ar: “Tem que ser muito bem pensado e estudado sobre o momento. Deu certo comigo, mas pode ser que com meu filho seja diferente.”
Outra lembrança de Leonardo é sobre a Copa de 2002. Quando Ronaldo cortou o cabelo igual ao Cascão, do seriado Turma da Mônica, com então 8 anos, repetiu o corte. “Sempre achei o Ronaldo um grande jogador, mas hoje não faria mais isso até porque na época era criança e nessa idade vale tudo.” (risos)
O Taffarel que virou centroavante
No dia 6 de setembro de 1994, um canal de televisão transmitia uma reportagem com o goleiro Cláudio Taffarel, um dos destaques do Brasil na conquista do tetracampeonato. Durante a exibição do programa, Omar Scherer procurava em um livro o nome para o filho que nasceria em instantes, em Teutônia. Não teve dúvidas, daria o nome de Taffarel Scherer ao filho.
Diferente do goleiro, Scherer atua como atacante nos campeonatos amadores no Vale do Taquari. “O pessoal pegava no meu pé, sempre que falavam meu nome já associavam ao goleiro, mas nunca gostei de atuar embaixo das traves.”
Mesmo com um nome pouco peculiar, Scherer aprova a ideia do pai. “Gosto muito do meu nome, pois o cara foi um herói para o Brasil, um dos principais jogadores nesse título.”
Sobre colocar o nome de um ídolo em um filho, ele brinca. “Apesar de ser apaixonado por futebol, não colocaria o nome de jogador.”
O Romário que não gosta de futebol
Ao contrário de Leonardo, Romário Aparecido Pereira da Silva, de Lajeado, nasceu durante a partida. “Lembro que os médicos estavam vidrados no jogo e quem me ajudou bastante foram as enfermeiras”, comenta a mãe Edileusa Pereira da Silva.
Segundo ela, o nome foi escolhido porque minutos depois da conquista do título só se escutava pelo hospital: “Romário ganhou, o Romário foi o cara da Copa, o Romário isso, o Romário aquilo.” Logo após, um padre apareceu no quarto e brincou com Edileusa, dizendo ela deveria homenagear o jogador colocando o nome do filho de Romário.
Apesar de ter o nome de um dos principais jogadores do mundo, Silva não aprecia futebol. “Desde criança, nunca tive muito contato com o esporte, o que me fez perder o gosto por ele.”
Mesmo não gostando de futebol, é apaixonado pelo nome. “Em qualquer lugar que vá, há sempre uma bela piada, que gosto de escutar. ‘E aí, Romário, como vai o Bebeto?’ e eu respondo brincando: ‘Não sei, estou muito ocupado em Brasília.’” (risos).
Também comenta sobre a infância. “Nunca sofri chacota, quando me apresento, vem na memória das pessoas algo diferente, um respeito pelo baixinho e jogador extraordinário que foi.”
Mas, diferente da mãe, quando tiver um filho, não homenageará jogador. “É uma situação que teria que decidir com minha companheira, mas gostaria muito do nome Guilherme.”
Um dos desejos de Silva é conhecer o jogador pessoalmente, pois, além de ter o nome igual, se identifica com o baixinho em muitos aspectos de caráter e esforço por seus objetivos. “Vendo ele em uma linda trajetória de luta e sucesso, vendo onde ele chegou e o que está fazendo na politica, é magnífico ser chamado de Romário.”