Torcer pela seleção canarinho no Mundial de futebol na Rússia virou problema nacional. Tudo vira problema nacional. E a problematização é diversa. Ora é a camiseta amarela da CBF, utilizada por grande parte dos golpistas de 2015, ora são os altos gastos e salários nos grandes clubes, e o luxo exacerbado em que vive uma pequeníssima fatia dos atletas. Eu prefiro, simplesmente, torcer.
O que é perfeito, afinal?
Nada é perfeito. Tampouco o futebol. Melhor seria se determinadas entidades não fossem corruptas. Se não houvesse negociatas entre árbitros, clubes e casas de aposta. Ou se obras de estádios e afins ficassem a cargo da iniciativa privada. Seria bem melhor.
Mas esse é apenas o lado podre da laranja. O lado doce, o outro lado, compensa. Acreditem!
Uma das poucas lembranças que tenho do ano de 1994, quando eu recém havia completado meus 12 anos de idade, é de meus pais, tios e primos na sala da casa do meu avó, Vigore. A residência ficava ali na rua Duque de Caxias, próximo à Praça do Papai-Noel, em Lajeado.
Lembro como se fosse hoje aquele dia 17 de julho. Enrolados em cobertores e deitados sobre almofadas gigantes, todos os primos se aprumavam entre os adultos, esses mais fervorosos. A gente ainda não compreendia muito bem o que estava acontecendo. Demorou 90 minutos de tempo normal e mais 30 de prorrogação para entendermos.
Eu lembro como se fosse hoje. Já era o Galvão Bueno narrando os jogos na Rede Globo. E praticamente só funcionava a Rede Globo naqueles televisores da marca alemã, “Telefunken”. Quando aquele italiano, de sobrenome Baggio e nome Roberto, chutou para a lua aquela bola branca, eu entendi o que é Copa do Mundo. Eu e os meus primos. Todo mundo chorou.
“Acabou, acabou, acabou”, gritava o tal Bueno. “É tetra, é tetra, é tetra”, gritava ainda mais, quase esgoelando um ainda mais eufórico Pelé, que trabalhava de comentarista naquela transmissão ao vivo de Los Angeles, e quase foi sufocado pelo abraço de Bueno. Lembro bem a alegria do meu pai. Da minha mãe. Meus tios. Dos meus já falecidos e queridos avós. Foi único!
Saímos todos abraçados nas bandeiras do Brasil, no porta-malas da antiga Belina do meu pai. Cruzamos a Júlio de Castilhos. Subimos e descemos a av. Benjamin Constant, à época com via dupla. A comunidade lajeadense nas ruas. Se cumprimentando. Festejando. Que mal há nisso?
Hoje, na ânsia de problematizarmos tudo, culpamos o futebol e a Copa do Mundo por todos os nossos históricos problemas sociais, econômicos e morais. Uma lástima. É querer tapar o sol com a peneira. O pior dos erros.
Eu vou assistir ao máximo de jogos possível. É o melhor do futebol mundial. Um dos esportes mais espetaculares da nossa história. Esporte que transforma centenas de vidas. Que leva crianças carentes ao estrelato, como a imensa maioria dos representantes do selecionado brasileiro. Que salva famílias. Movimenta milhões. De dólares, empregos e corações.
Por essas e outras, e sem medo de ser imoral, amoral ou o “escambau”, ou mesmo sendo, eu vou torcer para a seleção brasileira nesta nova Copa do Mundo que inicia hoje. De preferência, com Pedro Geromel e Douglas Costa no time titular. E uma final contra a Argentina!
Restauração da Casa de Cultura
Um grupo de cidadãos e funcionários da prefeitura deve se unir para restaurar parte da estrutura da Casa de Cultura de Lajeado. Aberturas, janelas e outros detalhes estão carentes de reformas. Também é necessário um acesso para cadeirantes. Ontem, por exemplo, uma turma da Apae visitou o local e houve certa dificuldade por parte de alguns alunos para acessar o prédio. Tombado como Patrimônio Histórico do Estado, o espaço já serviu como prefeitura e até como um presídio.
Emendas e a eleição
Uma pesquisa coloca Ana Amélia Lemos, do PP, na liderança absoluta no nosso estado, com 44% da preferência entre os eleitores para o Senado. Nesta semana, ela deixou R$ 300 mil em Lajeado, para “obras de infraestrutura”. Sequer há projetos para essa verba, a não ser, por ora, a autopromoção. Depois tem gente reclamando que “sempre são os mesmos na política”. Aprovam a emenda por simpatizarem com a senadora, e esquecem que o mecanismo está à disposição de todos.
Tiro curto
– Em Teutônia. O ex-chefe de gabinete, Alexandre Peters, não se manifestou à Comissão Processante que investiga o presidente da câmara, durante oitiva realizada dentro do Presídio Estadual de Lajeado, onde ele está preso desde 28 de março;
– Canudos do Vale e Sério enfrentam problemas no sinal de telefonia fixa e móvel. Desde domingo, 10, não há comunicação por meio do sinal da operadora Oi. A causa seria a queima de placas e furto de baterias. Informação extraoficial dá conta de que a estrutura de uma das torres, em Sério, está comprometida;
– O filme Música para quando as Luzes se Apagam, do diretor lajeadense, Ismael Caneppele, conquistou mais um prêmio na Europa. O primeiro foi na Suíça. Agora, leva o de melhor Filme Doc Art no Sheffield DocFest, em Sheffield, na Inglaterra;
– Pesquisa aponta José Sartori (MDB) no segundo turno na disputa pelo governo do Estado. Para ele, seria melhor enfrentar o PT. Teria mais apoio de outros partidos. Já contra o tucano Eduardo Leite, o embate seria mais complicado;
– A câmara de Lajeado planeja transmitir os jogos do Brasil na Copa do Mundo no telão do plenário que, antigamente, funcionava como um cinema no terceiro andar do Genes Work Shop;
– Também no Legislativo lajeadense, o vereador Adi Cerutti (PSD) faz denúncia grave: um empresário teria tentado “coagir” parlamentares. E o novo Plano Diretor está cada diz mais difícil de sair do papel.
Boa quinta-feira a todos!
“Misturo poesia com cachaça e acabo discutindo futebol…”
Vinícius de Moraes