Crise de identidade

Editorial

Crise de identidade

A Brigada Militar faz parte da história do RS. É motivo de orgulho para os gaúchos. Enaltecida como uma corporação correta, calcada em princípios éticos que vão além do proteger o cidadão e combater o crime. A figura do militar…

A Brigada Militar faz parte da história do RS. É motivo de orgulho para os gaúchos. Enaltecida como uma corporação correta, calcada em princípios éticos que vão além do proteger o cidadão e combater o crime. A figura do militar fardado na rua é uma garantia à sociedade. Trata-se de um servidor pronto para ouvir a população e ajudar no que for possível.
A BM sofre com os desgovernos. Alcançou o menor efetivo das últimas décadas e os policiais convivem com a incerteza de passar o mês sem saber quando recebem o salário. A desvalorização iniciada pelo poder público também alcança algumas esferas da sociedade. Por vezes, os policiais são desrespeitados por aqueles que juraram defender.
Além das dificuldades inerentes ao desaparelhamento estatal, está a ameaça do crime organizado. Tanto que há indícios de policiais serem agentes duplos. Estarem dentro da corporação e se relacionando com facções criminosas.
É o que mostra investigação da Corregedoria da BM e do Ministério Público. Ontem, seis militares foram presos na Região Metropolitana sob a suspeita de envolvimento na venda de armas e com o tráfico de drogas. Na semana passada, um militar do Vale do Taquari também foi preso por motivo semelhante.
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Essa crise de identidade em representantes da lei mostra o avanço dos grupos criminosos. No enfraquecimento do Estado, grupos à margem ganham campo para avançar e se fortalecer. De fato, os rumos para o país são duvidosos. Como certeza, sabe-se que a corrupção está em todas as áreas.
A hipótese de policiais gaúchos estarem mancomunados com criminosos impacta sobre a sociedade. Justo no momento em que a segurança pública parece mais fragilizada. Apesar da gravidade da situação, é importante não generalizar, pois a Brigada Militar é um patrimônio do RS e deve ser valorizada pelos 180 anos de atuação.
A investigação precisa ser rápida e desmantelar o quanto antes qualquer ramificação criminosa dentro da polícia, sob o risco de a BM gaúcha se transformar na polícia militar com pouca credibilidade, como aconteceu no Rio de Janeiro.
Como o jurista, político, diplomata, escritor, filólogo, tradutor e orador Ruy Barbosa sentenciou: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”

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