Após 19 anos em Bom Retiro do Sul, Bruno Locatelli, 20, decidiu ir para o outro lado do mundo. Interrompeu o curso de Engenharia da Computação na Univates para fazer um intercâmbio de quatro anos em Macau, na China, e aprender mandarim.
• O que te motivou a ir para a China?
A possibilidade de ganhar uma bolsa para aprender mandarim me despertou interesse, sabendo da potência econômica que a China é e da importância desse idioma hoje. Saber que as relações entre Brasil e China estão em crescimento e que há um grande mercado para quem fala mandarim foi um dos grandes motivadores, além de conhecer uma nova cultura. Como as aulas são em inglês, o objetivo é encerrar estes quatro anos sabendo falar de forma fluente três idiomas.
• Como foi o seu primeiro contato com uma cultura tão diferente da nossa?
A primeira dificuldade foi na alimentação. A comida chinesa não tem nada a ver com a daqui, o gosto é muito diferente, mas dá para se acostumar. Outro aspecto é o fato de Macau ser a cidade com a maior densidade demográfica do mundo. É uma cidade pequena, que tem uma concentração enorme de habitantes. Isso me chamou muito a atenção.
• Como foi a receptividade do povo chinês?
A China é muito grande e cada região tem suas particularidades. O povo de Macau parece estar sempre numa correria. É aquele sistema de cidade grande, mas num município pequeno. Algo que me chamou a atenção também é forma de atendimento nos estabelecimentos comerciais. Enquanto no Brasil o vendedor tenta ser o mais atencioso possível, na maioria das lojas de lá, o tratamento não é assim. Às vezes até parecem um pouco rudes, mas não é uma questão de falta de educação, é da cultura deles mesmo.
• Há algo do Brasil que você sente falta?
O que mais senti falta é respirar ar puro e olhar para cima e ver um céu azul. A saudade da família é uma dificuldade constante. Eu, que sempre morei com meus pais, tive que aprender a cozinhar, lavar roupa, e tudo o que envolve morar sozinho. Caso eu tivesse um problema, estava a dois dias de distância de casa. Com o tempo, a gente aprende a lidar.
• Quais foram os principais aprendizados dessa experiência?
Acho que o aprendizado mais importante é o autoconhecimento. Sozinho, em meio a uma sociedade com costumes, valores e conceitos muito distintos, eu tive que aprender a lidar com as diferenças. Me tornei muito mais tolerante.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br