Fábio Luiz Sehn, 34, trabalha como instrutor prático de um Centro de Formação de Condutores em Lajeado faz oito anos. Para ele, é preciso motoristas e pedestres mais atentos, respeitosos e pacientes.
• Ser instrutor de autoescola muda a percepção sobre o trânsito?
Quando comecei a dar aula, passei a ver o trânsito de outra forma. No dia a dia, são poucas as pessoas que seguem regras básicas de trânsito, como ligar o pisca. Eu também tinha hábitos distantes do ideal e hoje me policio quanto a isso, seja quando estou com alunos ou mesmo no carro particular.
• Quais as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos dos CFCs?
A falta de atenção. Alguns levam muito na brincadeira, outros são mais fáceis de ensinar porque já têm uma noção. Mas a falta de atenção é geral. No caso das provas, o nervosismo atrapalha muito. Em Lajeado, temos uma particularidade, porque os pedestres não respeitam os carros da autoescola. Eles se atravessam na frente fora da faixa porque sabem que, se o aluno não parar, o instrutor para o carro. Já aconteceram diversas batidas na traseira de carros do CFC por causa disso.
• Os motoristas respeitam os aprendizes?
No começo foi muito difícil essa questão, mas hoje, com a fiscalização de trânsito, melhorou. Mesmo assim, recebemos muitas buzinadas e xingamentos, em especial nos semáforos. Se abre o sinal e o aluno deixa o carro apagar, pode ter certeza que virá buzinada. O aprendiz não tem a prática de um motorista experiente para ligar o carro e sair com agilidade. Se a pessoa que vem atrás buzinar, aí mesmo que ele não vai conseguir sair. Quando para em faixa de pedestre, também acontece. Esses dias um motorista veio discutir comigo porque um aluno deixou o carro apagar três vezes. Eu disse para ele que é uma autoescola e que todo já passaram por isso. Todos já foram aprendizes.
• O que é preciso para um trânsito mais civilizado?
Atenção, menos pressa e mais respeito. As pessoas hoje vivem correndo. Começamos a trabalhar às 6h e quando o aluno erra já tem gente xingando e buzinando cedo da manhã. Imagina como essas pessoas estarão às 18h, 19h. Os motoristas estão muito estressados e precisam se conscientizar das regras de trânsito, além de respeitar mais os alunos e instrutores de autoescola.
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br