Tramita na Assembleia Legislativa projeto que inclui a erva-mate e derivados na merenda escolar da rede estadual.
A proposta se baseia nos benefícios da planta à saúde humana, bem como no estímulo à sua cadeia produtiva no RS. No Vale da Taquari, municípios já incrementam o lanche das crianças com alimentos à base do vegetal.
O texto foi protocolado em maio pelo deputado Gilberto Capoani (MDB). Conforme o parlamentar, além de consistir em símbolo consagrado do estado, a erva-mate tem propriedades benignas, especialmente para a saúde cardiovascular. Entre os elementos presentes no produto, estão cafeína, antioxidantes, potássio, aminoácido e vitaminas.
“A erva-mate é extremamente saudável ao ser humano. Seu consumo ajuda a evitar que o colesterol e a gordura se acumulem nas artérias, previne ataques cardíacos e aumenta a resistência”, argumenta Capoani. Para o deputado, a medida também serviria de estímulo a um importante setor da economia gaúcha.
Embora o chimarrão seja o produto mais popular da erva-mate, cuja ingestão é feita de forma majoritária por adultos, existem subprodutos que se enquadrariam melhor na dieta infanto-juvenil.
Sorvetes, biscoitos, geleias, cucas, pães, bolachas e bolos são alguns exemplos de subprodutos que poderiam ser consumidos pelos estudantes.
Protocolado em maio, o projeto está em análise agora na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Conforme Capoani, um acordo com os líderes de bancadas será feito para que a matéria seja votada em plenário o quanto antes.
Na vanguarda
Principal polo ervateiro no estado, o Vale do Taquari tem municípios que já implementaram políticas semelhantes na rede municipal. Em Ilópolis – conhecida como cidade da erva-mate –, os derivados do vegetal já compõem o cardápio dos alunos desde 2016.
Conforme o secretário de Agricultura, Jurandir Marques, a medida tem importante valor cultural, na cidade que traz no nome a erva em latim (Ilex paraguariensis). Segundo ele, trata-se também de um forma de promover o hábito junto às novas gerações.
“É uma planta que tem tantas propriedades benéficas que nós entendemos que poderia ser aproveitada de outras formas, além do chimarrão”, ressalta Marques.
Quase a totalidade das cerca de 800 propriedades do município produzem a erva, informa o secretário. Ilópolis tem 33 agroindústrias ervateiras, e a Região Alta do Vale, 73. Cidades como Encantado, Arvorezinha, Anta Gorda, Putinga e Itapuca também estudam implantar a medida.
A nutricionista da administração municipal, Thais Ghelen, comenta que, antes da criação da lei, as escolas já utilizavam alimentos à base da planta. “A nossa cidade é movida à erva-mate. A lei veio para formalizar o uso desses alimentos”, salienta.
A legislação determina que pelo uma vez por semana as escolas ofereçam produtos oriundos da erva. Entre os derivados, a profissional destaca o suco da folha in natura e a farinha enriquecida com erva, que serve para a elaboração de pizzas, panquecas e massas.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br