“A ideia surgiu de uma caixinha de fósforo”

Notícia

“A ideia surgiu de uma caixinha de fósforo”

Há 20 anos, o morador do bairro Conservas e presidente da Associação de Deficientes Físicos de Lajeado (Adefil), Nestor Martinelli, 49, sofreu uma lesão medular em um grave acidente de moto. Porém andar em uma cadeira de rodas não lhe…

“A ideia surgiu de uma caixinha de fósforo”

Há 20 anos, o morador do bairro Conservas e presidente da Associação de Deficientes Físicos de Lajeado (Adefil), Nestor Martinelli, 49, sofreu uma lesão medular em um grave acidente de moto. Porém andar em uma cadeira de rodas não lhe impediu de continuar a vida. Sua moto adaptada, idealizada por ele mesmo, lhe acompanha desde então.
• Como surgiu a ideia de inventar esta moto?
Foi quando eu estava fazendo o processo de reabilitação em um hospital na Bahia. Lá aprendi como viver uma vida em cima de uma cadeira de rodas. Comentei com meus colegas que queria fazer uma moto adaptada que eu não tivesse que desmontar minha cadeira de rodas para conseguir rodar nela. No início eles chegaram a duvidar e me diziam “Poxa, gaúcho! Mas como tu vai inventar isto”. Mas acredite, a ideia surgiu de uma caixinha de fósforo – que abre e fecha em um encaixe simples. Depois de pensar em como seria minha moto, levei o projeto para um torneiro mecânico aqui de Lajeado.
• E como funciona?
Comprei uma moto, cortei e coloquei uma direção na frente. Do lado direito, tem o motor que traciona a moto. Do esquerdo, uma outra moto serve como apoio. Na parte de trás, criamos uma espécie de rampa que abre e fecha. No início tive dificuldades para liberar a regularização dela, mas no fim deu tudo certo. Rodo por todos os lugares com ela. Diariamente faço mais de 50 quilômetros em cima da moto. Ela é famosa na região. Para mim, a moto é muito mais prática do que um carro.
• O acidente que sofreu em 1996 foi de moto. Mas isso não lhe impediu que continuasse sua vida. Como presidente da Adefil, que mensagem passa aos deficientes físicos?
A vida continua. Tem jeito para tudo. Não é porque tu tens dificuldades que precisa ficar trancado dentro de casa. Não dá para deixar a vida parar. O acidente não mudou muita coisa na minha vida, apenas não consigo caminhar, de resto, levo uma vida normal. Moro sozinho e me viro do meu jeito. Lembro pouca coisa do meu acidente – eu estava indo trabalhar, na época em um posto de gasolina, e no caminho eu caí, não sei como. Vou dizer que até tenho mais amigos do que antes.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

Acompanhe
nossas
redes sociais