A greve dos caminhoneiros deixa lições e desafios a todos

Opinião

Adair Weiss

Adair Weiss

Diretor Executivo do Grupo A Hora

Coluna com visão empreendedora, de posicionamento e questionadora sobre as esferas públicas e privadas.

A greve dos caminhoneiros deixa lições e desafios a todos

Todo poder emana do povo. Está escrito na Constituição de 88. Talvez até a greve dos caminhoneiros poucos brasileiros tinham se dado conta de seu poder. Eis a reflexão.
A greve dos caminhoneiros, embora tenha avançado o limite do suportável e entortado seu rumo, foi um sinal para o povo brasileiro dar-se conta de sua força e poder de organização civil.
Quem estuda história sabe que esse tipo de manifestações é comum em qualquer parte do mundo. Países como França, Espanha e tantos outros passaram por isso.

Filmes americanos sobre a greve dos caminhoneiros na década de 60

Filmes americanos sobre a greve dos caminhoneiros na década de 60


EUA desencadeou uma greve de caminhoneiros que parou o país na década de 60 e fez o governo se curvar perante a nação. A história é retratada nos filmes Fist, interpretado por Sylvester Stallone, e Hoffa, pelo ator Jack Nicholson. Vale assistir. Ambos mostram a organização dos sindicatos dos caminhoneiros e suas lutas para enfrentar um governo insensível e indiferente à categoria.
A organização dos americanos parou os EUA faz mais de 50 anos. O Brasil e os brasileiros têm muito a aprender. Ainda que os nossos caminhoneiros desempenharam um papel fundamental, faltou inteligência e organização sistêmica ao movimento na reta final.
Os contrassensos das manifestações no mesmo movimento denotam o desafio de corrigir nossa incapacidade para fazer a leitura certa, e não colocar a emoção acima da razão.
A greve terminou antes do feriado e nos ensina duas coisas: devemos nos organizar como sociedade civil e não aceitar os desmandos de sucessivos desgovernos. E a segunda lição é a forma de fazer isso. Não podemos incorrer no erro de quebrar as empresas em detrimento à raiva contra o governo.
Se os caminhões tivessem cercado o Congresso e as assembleias legislativas, talvez o resultado teria sido outro.
Sou da opinião que o setor produtivo privado não pode ser o único sacrificado, sob pena da conta vir ainda mais “salgada” logo adiante. A pressão e o cerco precisam ser feitos a quem decide e governa. Isso sim será capaz de estremecer as bases dos governantes. E a Constituição permite a livre manifestação.
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Da forma como culminou, o povo ficou dividido. Afinal, os reflexos negativos atingiram apenas o trabalhador e o empregador que já pagam uma conta muito alta com impostos. Os políticos não foram atingidos. Suas benesses e vantagens seguem iguais como antes da greve.
O caos não veio da greve dos caminhoneiros. Vem da alta tributação dos impostos, consequência de uma série de governos vorazes, incompetentes e corruptos. Os caminhoneiros apenas fizeram a parte deles, por que não aguentam mais o estrangulamento do setor. Mas o prejuízo caiu sobre o sistema produtivo, mais uma vez.
E o apoio da sociedade veio justamente por conta do inconformismo. Foi uma espécie de grito entalado na garganta, mas o alvo se desviou ao paralisar a produção no país.
O governo e os representantes políticos continuam a zombar com carros oficiais pomposos, benesses e diárias graúdas e amorais, sem nenhum arrego.
O máximo que têm é uma preocupação eleitoreira com as próximas eleições para saber como tirar vantagem disso tudo que ocorreu.
O governo não vai mexer nos impostos, pois alega que isso quebra o Estado. Na verdade, é o contrário. É o governo que quebra o Brasil e as empresas. Arrecada muito, mas usa mal o dinheiro, desvia e o esbanja em meio às incompetências administrativas de um sistema assistencialista, fisiológico e corrupto.
Por ironia, no final da greve, o Exército interveio, mas foi para tirar o povo das ruas e liberar a produção. Ou seja, a intenção inicial da greve foi boa, mas o resultado final foi desastroso. O povo dividido e assustado com o caos e os prejuízos causados contra si próprio.
Que façamos movimentos e greves inteligentes. Mirar o alvo certo no lugar adequado, sem trégua e com firmeza, mas deixar o sistema produtivo livre o suficiente para o caos não se abater sobre o próprio povo.
Em outubro teremos eleições. Será o momento mais apropriado para eleger representantes legítimos. Vamos parar de votar em quem o vereador ou o cabo eleitoral pagos mandam votar. Votemos em candidatos com históricos honestos e dignos do nosso voto. Para isso, é preciso se informar e investigar a vida do candidato. É o mínimo que cada um deve fazer.


Virada de mesa

O prefeito de Teutônia, Jonathan Brönstrup (PSDB), conseguiu um feito importante esta semana. A câmara de vereadores decidiu que não há motivos para investigá-lo. O argumento é que não existem provas ou indícios suficientes para sustentar a continuidade do expediente.


Rombo nas empresas

O prejuízo nas indústrias de produção de aves, suínos e leite atinge alguns milhões de reais. Desde quarta-feira, as prateleiras dos principais supermercados de Lajeado estavam desabastecidas com as marcas Languiru e Dália, duas das principais fornecedoras da região.

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