O pior à democracia

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

O pior à democracia

O regime militar imposto a partir de 1964 matou centenas. De comunistas a soldados. Civis e políticos. Jornalistas. Calou oposições. Buscou ceifar ideologias. Um período obscuro que, mesmo não sendo tão sangrento como em países vizinhos, teve uma dose suficiente de maldade e covardia para justificar, hoje, aversão por quem ainda defende a implantação de um novo trecho triste e antidemocrático para a nossa ainda juvenil história.
É uma pena que tais pedidos tenham se concentrado com tanta ênfase justamente aqui, no nosso Vale do Taquari. Em praticamente todos os piquetes espalhados pelas rodovias federal e estaduais, havia faixas, adesivos e até pichações sobre as pistas de rolamento pedindo a intervenção militar. “Povo hipócrita”, dizia uma dessas. Confesso, eu, que tenho certa dificuldade para compreender…
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As falácias sobre a moralidade autodeclarada dos militares se despiram ao longo dos anos. Recentemente, documentos atestaram a participação efetiva de ex-ditadores na execução sumária de opositores, algo até então negado pelos ex-líderes da nação e seus comparsas de farda. Inflação alta, explosão da desigualdade social são outros parâmetros para não desejarmos, jamais, a volta de tal regime.
De nossa parte, como agentes da comunicação, a volta de um regime autoritário significaria nada menos do que o fim da autonomia. Foi assim durante todos os 20 anos de ditadura. Os militares decidiam, a bel-prazer, o que era ou não publicável nos grandes jornais, revistas, almanaques e folhetins da época. Pior. Reescreviam os textos, numa clara intenção de “vender” sua própria verdade. E vendiam!
Mas a “sorte” os traiu. E a forma como “suicidaram” o então jornalista, Vladimir Herzog, como bem mostra a fotografia, derrubou a “verdade” militar. O símbolo dessas movimentações envolvendo jornalistas e militares estampa este artigo. A imagem é desagradável. Não gostaria de estar aqui compartilhando tal foto com os leitores. Mas, em um momento de intensos conflitos democráticos e com o perigoso crescimento dos apelos pró-intervenção, é preciso relembrar a história.
A história, mesmo que distorcida por vezes – e até exagerada por outras tantas –, é essa: opositores ao regime foram mortos nas mãos do Estado. Não tinham para onde fugir. Não tinham a quem pedir ajuda. Tudo porque pensavam de forma diferente.
E voltar a isso, em pleno século 21, é inaceitável. Por sorte, se trata de uma minguada minoria.


Não existe “meia revolução”

O que pensam jornalistas, políticos, entidades, empresários e cidadãos que foram às redes sociais, às ruas ou aos seus espaços em blogs e jornais para inflamar a população a apoiar a dura greve orquestrada pelos caminhoneiros, e agora fazem um mea-culpa quase debochado para “tirar o corpo fora”? Que tudo se resolveria em poucas horas, em um cenário de flores e sorrisos? Que não haveria dor ou sacrifício? Ora, meus amigos. Não existe “meia revolução”.


Univates e o novo combustível

Odorico Konrad é coordenador de um estudo realizado por acadêmicos e professores da Univates que busca avaliar a similaridade entre o biometano (GNVerde) e o gás natural (GNV) utilizado em motores veiculares. A diferença é que o GNVerde é renovável, tornando-se mais uma alternativa de biocombustível ao consumidor. O projeto Testes de desempenho, emissões e operação de biometano e GNV em motores convencionais iniciou em 2014.


Tiro curto

– Em Lajeado, o governo municipal não deve recorrer das decisões judiciais favoráveis aos moradores na questão envolvendo a cobrança de contribuição de melhoria, referente às obras finalizadas até 2012. Mais de 20 processos já foram perdidos pela municipalidade em 1ª instância;
– Advogados estão insatisfeitos com o Judiciário, que deve suspender prazos e expedientes durante a Copa do Mundo. Algo que não fez, por exemplo, durante a greve;
– Inaugurado no fim de 2016, o prédio da Unidade Básica de Saúde de Boqueirão do Leão custou R$ 500 mil e já apresenta problemas estruturais. E o governo não consegue localizar a empresa responsável;
– Em Encantado, comissão formada pelo Executivo, Legislativo, STR, Aci-e e CDL negociava a liberação do tráfego em alguns pontos de paralisação, para evitar a mortandade dos animais. Já em outros municípios, como Arroio do Meio, caminhões da prefeitura estavam estacionados junto aos manifestantes;
– Mais dois assaltantes de banco foram mortos pela Brigada Militar nesta semana. Se falta efetivo no momento de dar segurança para as agências bancárias, não está faltando empenho na busca pelos criminosos;
– Que triste ironia: a paralisação rodoviária em Estrela ocorre justamente junto ao ocioso entroncamento hidro-ferroviário do Vale do Taquari.

Boa quinta-feira a todos!

“Na ditadura, o poder é o monstro do povo. Já na democracia, o povo é o monstro do poder.”
Juahrez Alves

 

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