A intransigência e a radicalização do protesto nas estradas custarão caro à população. O trabalho, a produção de riquezas e a democracia estão à beira do precipício. Onde não há diálogo, reina a ignorância. O pretexto de que a manifestação defende um país melhor não condiz com os fatos.
O impacto destes dias parados traz mais miséria, mais desemprego e mais dificuldade para o povo. A greve nasceu da reivindicação justa com relação à alta dos preços dos combustíveis. No andar dos protestos, grupos ideológicos e até políticos misturaram demandas questionáveis. Com uma desinformação nunca vista, reproduziram mentiras e insuflaram outras pessoas. Para se ter uma ideia, dos 42 mil empregados na indústria da região, a metade está parada. Conforme o Codevat, o Vale deixa de faturar R$ 40 milhões por dia devido à falta de produtividade.
Instituições de classe, em especial algumas câmaras de lojistas, deixaram-se levar pelo “efeito manada”. Quando perceberam os equívocos da continuidade da greve, recuaram. O desabastecimento dos postos, as aulas paradas nas escolas, a falta de itens nos mercados e de remédios nas farmácias são a ponta do iceberg. Na base, as perdas econômicas para todos serão gigantescas.
[bloco 1]
No centro de todo o impasse, na divisão social de prós e contra à manifestação, é preciso deixar claro que esse é o resultado da política de preços da Petrobras, adotada após o impeachment. Essa medida de equiparar os preços com o mercado internacional esteve presente nos debates desde o governo de José Sarney. Passou Collor, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff.
Passadas mais de duas décadas, ninguém teve coragem de implementar a mudança. Em meio ao momento de crise política, a estatal muda o cálculo para favorecer acionistas e repassar o custo da operação aos brasileiros, provocando ociosidade nas refinarias nacionais. Em resumo, o combustível bruto sai da Petrobrás, vai para os EUA, depois retorna beneficiado e com o preço em dólar. Ótimo para o mercado internacional, péssimo à população. Esse erro estratégico do governo e da Petrobras culminou com a greve.
Editorial
Efeito manada
A intransigência e a radicalização do protesto nas estradas custarão caro à população. O trabalho, a produção de riquezas e a democracia estão à beira do precipício. Onde não há diálogo, reina a ignorância. O pretexto de que a manifestação…