Com o abastecimento parcial de combustível pela região, o dia foi de corrida e paciência nas filas. Proprietários de postos se reuniram ontem, 29, na sede da promotoria de Estrela, para debater estratégias para manter o fornecimento.
A reunião foi convocada pelo promotor de Justiça Daniel Cozza Bruno. A ideia é juntar informações dos empresários e organizar uma estratégia para garantir a entrega. Com as informações cadastradas, a promotoria busca prestar auxílio aos empresários para agilizar o atendimento junto ao Gabinete de Crise.
“Estamos trabalhando em diversas frentes para garantir escoltas para abastecer os postos”, afirma o promotor.
Corrida aos postos
Mais de dez postos voltaram a vender combustíveis em diferentes períodos dessa terça-feira. O primeiro que recebeu combustível foi o Posto Pinguim, na RSC-453, no bairro Boa União, Estrela. O dono Nestor Müller afirma que tinha um caminhão carregado em conserto em uma oficina de Lajeado desde a semana passada. Em ação coordenada pelo Ministério Público, o veículo foi escoltado ontem para superar a barreira da BR-386 e levou dez mil litros de gasolina e cinco mil litros de óleo diesel ao estabelecimento.
“Acho que nesse momento a mobilização já está prejudicando a população. De modo geral, foram atendidas as reivindicações. A gente não entende o porquê da continuidade”, opina Müller. Segundo ele, a cada dia sem venda, o prejuízo supera R$ 30 mil.

Manifestantes impediram abastecimento no únco posto de Arroio do Meio
Filas quilométricas
Dos dez mil litros de gasolina no posto Pinguim, cinco mil foram reservados para veículos do setor público das áreas de saúde e segurança, como ambulâncias, viaturas e outros órgãos governamentais. Os outros cinco mil litros foram colocados à venda, com o limite de R$ 100 por veículo. A quantidade abasteceu cerca de 250 carros.
No início da manhã, a informação sobre a possibilidade de abastecimento atraiu centenas de pessoas. A fila se estendeu até o acesso à Rota do Sol pela BR-386. Alguns motoristas aguardaram mais de quatro horas.
É o caso do taxista Marcos Miranda, de Estrela, que chegou na fila às 8h. Os R$ 100 abastecidos servirão apenas para as necessidades particulares. “É pouco. Não tem como usar para trabalhar”, afirma.
De Teutônia, Humberto Petry usa o veículo para distribuir pães em localidades do interior do município. Cancelou todos os compromissos para ir a Estrela, ficar na fila e abastecer o tanque.

Nos postos com combustível, espera para abastecer superou três horas
Dia de expectativa
Proprietário do Posto do Chimarrão, em Encantado, Rogério Fischer, está sem combustíveis desde o dia 23. Ontem, protocolou o pedido de escolta para três caminhões conseguirem acessar a Refinaria Alberto Pasqualini, em Canoas, e voltar ao Vale do Taquari. “É complicado. Estamos há uma semana sem combustíveis”, afirma.
Morador do bairro Universitário, em Lajeado, Romildo Fucks conseguiu completar o tanque após percorrer dois quilômetros em três horas. “Entrei às 14h e saí de lá agora, às 17h.” Quando a reportagem chegou ao local, às 17h, a fila para abastecer no Posto do Arco chegava próximo à entrada do bairro Santo André, pela BR-386.
Mas não foi só no Posto do Arco que as filas se formaram. Em Estrela, centenas de motoristas faziam voltas nas quadras para abastecer no Posto Quality. Alguns, sem combustível, empurravam o carro.
Foi o caso de Valmor Locatelli. Morador do bairro das Indústrias, ele trabalha na Brasilata e se desloca todos os dias de carro. “Gasto em média R$ 300 para abastecer por mês.”
Bloqueio em Arroio do Meio
Manifestantes realizaram um cordão humano para impedir que a comunidade local abastecesse os veículos no único posto aberto. Para hoje, a expectativa é que mais empreendimentos recebam combustível, mediante operação especial programada pelo gabinete de crise do Estado.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br