A manifestação dos caminhoneiros perdeu propósito e se transformou em um movimento ideológico e, até mesmo partidário, com consequências gravíssimas para todo o espectro social.
Em meio ao recado inicial de sufocamento da classe devido à alta carga de impostos nos transportes, se infiltram oportunistas. Nas mãos, grupos empunham a bandeira da intervenção militar, outros a privatização da Petrobras e outros a previsibilidade dos preços dos combustíveis. Por vezes, aglutinam as três reivindicações sem perceber a contradição entre essas ideias.
Insuflados pelas correntes de informações falsas nos grupos de Facebook e de WhatsApp, muitos disseminam as mentiras e alimentam a continuidade dos protestos. Entre as divulgações falsas estão: “O Exército pode derrubar o governo constitucionalmente após sete dias e seis horas de greve”; “O Planalto determinou o bloqueio do WhatsApp para dificultar a comunicação dos caminhoneiros” e “Temer ordenou um apagão elétrico no país caso a paralisação não acabe.”
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Hoje, completa dez dias de protestos. Não houve a derrubada do governo, nem o bloqueio do whats, tampouco apagão. Ainda assim, há quem acredite na veracidade de informações sem fonte, sem checagem, sem o mínimo de credibilidade.
Como resultado, o país a um passo do colapso. Indústrias paradas, agricultores sem conseguir vender, trabalhadores sem produtividade, postos sem gasolina, escolas sem aulas. O movimento nascido legítimo e com uma pauta bem clara foi usado e se tornou danoso para a população. O resultado será visto ali adiante, seja com mais elevação no preço da gasolina, com mais desemprego e com menos recursos públicos para serviços básicos.
Aos poucos, o movimento também começa a perder o apoio popular. Sindicatos que defendiam as manifestações pedem o encerramento dos piquetes e alertam para as perdas diárias no país. No Vale, diversas instituições emitiram na tarde de ontem um comunicado sobre o risco iminente de emergência sanitária. Ainda assim, alguns preferem acreditar na mensagem via WhatsApp do que nas organizações sociais.
