Prefeitos decidem manter atendimento à população

Vale do Taquari - SERVIÇOS PÚBLICOS

Prefeitos decidem manter atendimento à população

Amvat solicita apoio da BM para garantir abastecimento de veículos de emergência

Prefeitos decidem manter atendimento à população
Vale do Taquari

Vinte e cinco prefeitos da região se reuniram na tarde de ontem para debater a posição da Amvat diante da greve dos caminhoneiros. Apesar de considerar legítimo o movimento, os chefes dos Executivos manifestaram preocupação com o desabastecimento e decidiram manter os serviços à população.

Os municípios farão avaliações diárias da quantidade de combustível disponível. A paralisação ou suspensão de algum serviço só ocorrerá nos casos em que a falta de insumo impedir o trabalho.

A associação também solicita à BM, Defesa Civil e Comando de Crise do Estado urgência na garantia de abastecimento dos veículos de emergência de hospitais e unidades de saúde, no transporte de ração e insumos para os animais de produção e o abastecimento de gás e alimento para a população.

A reunião foi marcada por discussões sobre o movimento grevista. Prefeito de Santa Clara do Sul, Paulo Kohlrausch afirma que respeita os grevistas, mas lembra que a maioria das reivindicações oficiais foram atendidas pelo governo e que a partir disso as manifestações se tornaram difusas.

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“Valorizo a democracia e acredito que os rumos do país se corrigem de quatro em quatro anos por meio das eleições, não com pedidos de intervenção militar”, ressalta.

Chefe do Executivo de Estrela, Rafael Mallmann defende o direito de manifestação de todos e lembra que já tivemos um Estado de exceção em que as pessoas não podiam fazer manifestações.

“Não foi um período bom para ninguém”, ressalta.

Para Adroaldo Conzatti, prefeito de Encantado, os pedidos de intervenção militar preocupam, pois não representam a mudança necessária para o país. Segundo ele, a paralisação trará uma queda de 20% a 30% nas receitas municipais, e os prefeitos terão dificuldade para honrar a folha de pagamento no próximo mês.

Presidente da Amvat e prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo ressalta a importância de pensar estratégias para o Vale diante da crise. Segundo ele, a decisão unânime de manter os serviços mostra que as administrações estão fazendo o melhor possível para não prejudicar ainda mais a população.

Conforme Caumo, a principal preocupação é com as escolas, em especial com as creches. “Se o trabalhador não consegue deixar o filho na escola infantil, não consegue trabalhar, o que prejudica a indústria”, alega. Segundo ele, alimentos e gás já começam a ficar escassos nas instituições de ensino.

Aulas nas creches e escolas municipais de Estrela foram suspensas

Aulas nas creches e escolas municipais de Estrela foram suspensas

Serviços afetados

Em Lajeado, os postos de saúde e UPA funcionam em horário normal, mas poderá haver aumento do tempo de espera e cancelamento de consultas eletivas agendadas em razão de eventual redução de equipe. As atividades nas escolas municipais seguem regularmente, assim como a coleta de lixo. As empresas que atuam no transporte público do município continuam com tabela reduzida de horários enquanto durar a greve. Os ônibus circulam das 6h às 8h, das 11h às 13h, das 17h às 19h e às 22h30min.

Na Univates, as aulas presenciais estão suspensas até amanhã. Serviços e atividades prestados à comunidade, como Sajur, Centro Clínico e os do Complexo Esportivo, continuam normalmente, assim como atividades técnico-administrativas e as aulas pela modalidade EAD.

Em Estrela, a Secretaria de Educação mantém suspensas hoje as aulas na rede municipal. As creches e escolas de Ensino Fundamental já ficaram fechadas ontem. A coleta de lixo no interior segue suspensa e a segunda etapa dos Jogos Escolares, agendada para hoje, foi adiada sem uma nova data definida.

Transporte público de Lajeado segue com horários reduzidos para quatro períodos com maior circulação

Transporte público de Lajeado segue com horários reduzidos para quatro períodos com maior circulação

Em Teutônia, os postos de saúde dos bairros Alesgut e Boa Vista estão temporariamente com o atendimento suspenso. Os servidores dessas unidades serão realocados para os postos dos bairros Canabarro, Languiru e Teutônia.

As escolas municipais também estão com as aulas suspensas hoje, quando uma nova reunião decidirá sobre o atendimento de amanhã. Também fica suspenso o recolhimento de entulhos, móveis e eletrodomésticos, feito pela Secretaria de Obras. O Setor de Abastecimento de Água realizará serviços apenas em caso de extrema urgência.

As oficinas dos Núcleos de Cultura, oferecidos pela Secretaria de Juventude, Cultura, Esporte e Lazer, estão suspensas, assim como o atendimento na Sala do Empreendedor.

Em Encantado, estão suspensos serviços regulares da Secretaria de Obras e Agricultura. As aulas em toda a rede escolar, assim como o transporte dos alunos, será mantido.

Em Taquari, as aulas e o transporte na rede municipal estão suspensos.

Na rede estadual, após uma segunda-feira com aulas suspensas, a Secretaria de Educação anunciou a retomada dos trabalhos hoje. A 3ª CRE avaliará caso a caso se houver impedimento da chegada de alunos ou professores nos colégios. O Detran-RS suspendeu a aplicação de provas práticas e teóricas de direção em todo estado.

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Economia perde R$ 26,5 bilhões

A paralisação dos caminhoneiros trouxe prejuízos bilionários para o país. A estimativa é que R$ 26,5 bilhões deixaram de circular na economia, em um momento em que o Brasil começava a se recuperar de uma das piores crises.

De acordo com a Associação Brasileira de Laticínios, em sete dias de greve, mais de 300 milhões de litros de leite foram descartados e o prejuízo superou R$ 1 bilhão. Segundo o Sindilat, 32 milhões de litros de leite cru foram perdidos entre quinta-feira e domingo no RS, gerando um prejuízo de R$ 40 milhões nas economias municipais.

Márcio Lehnen, diretor executivo da Latvida, afirma que produtores e empresários devem amargar um prejuízo ainda maior a partir de quarta-feira. “Estamos em contato direto com outras empresas e, se dentro de dois dias a paralisação não for encerrada, não será mais possível recolher leite no Vale do Taquari.”

Conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal, um bilhão de aves e 20 milhões de suínos correm risco de morrer nos próximos quatro dias caso não recebam a alimentação que se encontra parada nas estradas. Os prejuízos até o momento superam os R$ 3 bilhões no setor.

O abate de suínos na unidade frigorífica da Dália Alimentos, em Encantado, está suspenso desde sexta-feira, 25. Hoje ainda serão abatidos 500 suínos e desossadas 1,9 mil carcaças, mas cerca de 1,2 mil funcionários foram dispensados. A fábrica de rações para suínos opera com dificuldades e a fábrica de ração para bovinos está com as atividades suspensas.

As duas unidades de laticínios de Arroio do Meio operam com volume reduzido de leite, e o produto acabado não está sendo expedido. A cooperativa ainda não contabilizou os prejuízos e alega estar fazendo o máximo esforço para enviar ração e recolher leite dos produtores.

Conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal, falta de ração pode resultar na morte de um bilhão de aves

Conforme a Associação Brasileira de Proteína Animal, falta de ração pode resultar na morte de um bilhão de aves

A Cooperativa Languiru paralisou todas as atividades no Frigorífico de Aves, em Westfália, e no Frigorífico de Suínos, em Poço das Antas. Os abates de aves e de suínos ficam suspenso e os funcionários serão comunicados quando a atividade for retomada.

A Languiru enviou comunicado para os produtores, sugerindo ações focadas em manter os plantéis vivos e buscar o mínimo de perdas possíveis. Entre elas, estão restrição de alimentação e a cedência das sobras de ração para outras granjas.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) afirma que 40% das atividades do setor foram atingidas, alcançando um prejuízo de R$ 2,4 bilhões em negócios. Na indústria automotiva, R$ 1,3 bilhão em tributos deixaram de ser arrecadados com a paralisação das fábricas, conforme dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.

Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br

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