Defesa da Constituição e da democracia

Editorial

Defesa da Constituição e da democracia

No 9º dia de manifestação pelas estradas do país, fica evidente a presença de oportunistas no movimento, seja de grupos empresariais ou mesmo de adeptos a correntes partidárias. Misturar a reivindicação dos caminhoneiros ao pedido de intervenção militar mostra desconhecimento…

No 9º dia de manifestação pelas estradas do país, fica evidente a presença de oportunistas no movimento, seja de grupos empresariais ou mesmo de adeptos a correntes partidárias. Misturar a reivindicação dos caminhoneiros ao pedido de intervenção militar mostra desconhecimento histórico e constitucional. Curioso esse fato, atos com clamor de desfazer a democracia e ao mesmo tempo com um pré-candidato escolhido ao Planalto.
De fato, em meio a tanta imprevisibilidade, mais do que nunca vale a Constituição. O momento de colapso não pode servir de pretexto para rasgar a legalidade e transformar a recente e frágil democracia brasileira. Direitos básicos individuais e coletivos foram desrespeitados ao longo dos últimos dias.
Apesar da demora e da dificuldade em encontrar os líderes do movimento para negociar os termos da “trégua”, o governo federal atendeu a reclamação principal. Garantiu uma nova política para o preço do diesel. Ainda assim, os piquetes mantêm as vigílias e não há garantia de liberação dos caminhões.
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O governo foi a nocaute e os próximos movimentos são imprevisíveis. O poder de barganha da federação se sustentou no desconto de R$ 0,46 no litro do diesel, na revisão no valor dos fretes e na suspensão da cobrança do eixo extra nos pedágios. Todo o custo dessas concessões será cobrado da população.
A elevação nos preços dos combustíveis foi o estopim. O explosivo está escondido na alta carga tributária imposta à sociedade. No país, se paga muito para manter a máquina pública funcionando, mas o retorno não vem na mesma escala.
Esse peso dos impostos pesa sobre a massa trabalhadora, para bens e serviços. Para conglomerados, constam benefícios fiscais, perdão de dívidas e conchavos para perpetuar no poder os agentes desse jogo secreto.
Entre manifestação popular e o uso dessa força social como massa de manobra, existe uma linha muito tênue. Sobre a navalha de lutar por algo que acredita e defender interesses que vão contra a cidadania, há o risco de tudo voltar na cara da sociedade. Seja pela continuidade dos aumentos nos combustíveis, na elevação do custo de vida e na possibilidade de não haver eleição em 2018.

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