Nascido do acaso, o espetáculo Duetto da Vida surgiu de uma sincera amizade entre o palestrante Gabriel Carneiro Costa e o músico português Gil do Carmo.
No lançamento do quarto livro de Costa, em Portugal, a dupla acabou por se apresentar e criar, ali mesmo e no improviso, um espetáculo de conversa, palestra, música e show. “Em Lisboa, no lançamento do livro, fizemos uma conversa fazendo uma analogia das letras das músicas dele com o meu trabalho. Ao final do evento, uma agência de marketing que me representa aqui em Portugal, a Izi, nos chamou e disse ‘olha, vocês acabaram de criar um produto””, relembra Gabriel.
Com a ideia já em mente, a dupla escolheu Lajeado como local para a segunda apresentação. “Fizemos uma grande mistura que leva ao público inquietações, reflexões e insights sobre vida, felicidade, qualidade de vida, amor, carinho, realização pessoal e trajetória de vida”, diz.
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De forma interativa, leve e ao mesmo tempo profunda, os profissionais contam suas histórias e lançam à plateia perguntas e ideias a respeito dos dilemas contemporâneos.
O espetáculo ocorre na primeira quinta-feira de junho, 7, no salão social do Clube Tiro e Caça.
Gabriel nos palcos
Palestrante faz dez anos, Costa debate sobre educação emocional, amadurecimento e qualidade de vida. Com quatro livros publicados, a carreira como escritor também consolidou o profissional sob os holofotes. “Minha carreira sempre foi muito focada nos conceitos de felicidade e realização. Trabalho e pesquiso os temas faz 15 anos”, revela.
O que é felicidade para você?
Acredito que não exista de fato alguém que consiga responder exatamente o que é felicidade. Até porque arriscar dizer o que é felicidade estaria apenas dizendo o que esse sentimento significa para mim. Cada um tem um conceito diferente, então, não ousaria definir o que isso é para as pessoas em geral.
O ideal é que cada um tente chegar aos próprios conceitos do que é felicidade e entender que isso vai se alterar várias e várias vezes ao longo da vida. Eu acho que mais necessariamente do que a busca pela felicidade, que soa um tanto poético e utópico, é nós vivermos de forma mais plena, buscando mais satisfações ao longo do caminho. Ao invés de buscar a felicidade, a pessoa deve procurar aquilo que é importante para si, tendo esse sentimento como uma consequência e não como causa de busca por algo. E o meu trabalho é justamente esse, ajudar o cliente a fazer essa caminhada.
Como é um amor sem legendas?
Muitas pessoas nunca escutaram dos próprios pais um “eu te amo” e isso não significa que a gente não saiba que os pais amaram. Já vi isso muitas vezes com clientes. E como isso nunca foi dito abertamente fica uma sensação de amor legendado, de um não dito. Mesmo já adultos, tenho certeza que essas pessoas ainda adorariam escutar dos pais um eu te amo. Então eu sempre vou defender a ideia de que as emoções positivas, amor, saudade, elogios, tudo pode ser dito de uma forma clara e sem legendas para que os outros tenham certeza daquilo que a gente sente. O amor, como sentimento mais bonito possível entre as pessoas, deveria ser tratado dessa forma.
Sob a sua perspectiva, alcançar a realização pessoal tem a ver com encaixar-se àquilo que a sociedade espera?
Não acredito que atingir o que a sociedade espera traga qualquer ligação com a realização. De certa forma, esse “atender às expectativas dos pais”, por exemplo, nos move em algum momento da vida. Mas no fundo, quando alcançado, não vejo perspectiva de isso trazer verdadeiramente o sentimento de realização. A gente vai lá, conquista e parece que não teve tanto valor, porque não era algo que a gente realmente queria. Mas às vezes é necessário primeiro conquistar aquilo que os outros esperam para ter aquela sensação de “ó, cumpri o que precisava cumprir e agora posso ir atrás do que eu realmente quero”.
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O que é a realização?
A realização tem mais a ver com ter produzido com as próprias vontades e forças. Ela não vem de algo que eu herdei, por exemplo. Já trabalhei com herdeiros de grandes fortunas que não se sentiam realizados. Tinham, claro, prazer, segurança e certa satisfação, mas não tinham de fato realização. Realização é produzir. Pode ser desde uma esfera de organizar um evento bacana, uma relação legal, ter filhos, qualquer coisa. Não precisa necessariamente ser carreira e dinheiro. É o “eu fiz e estou conquistando”. Tem a ver com a colheita do que eu mesmo plantei e quis cultivar. Não acredito em realização plena em todas as áreas da vida. Então eu me sinto realizado em algumas áreas, nem tanto em outras, e está tudo bem!
Percebe-se que diversas pessoas se autossabotam, seja na vida pessoal, profissional ou amorosa. Qual o primeiro passo para essas pessoas entenderem que são merecedoras?
Essa pergunta daria um livro inteiro. A autossabotagem não é algo simples para se explicar em uma pergunta. Tem uma relação muito profunda com a palavra permissão, as pessoas não se darem permissão para ter a vida que querem, conquistar aquilo que desejam ou aceitar aquilo que a princípio gostariam. Mas o fato de não ter essa autopermissão não é uma simples resposta, pois isso tem muito a ver com a nossa história, a nossa infância, a relação que tivemos com o mundo desde pequenos, as primeiras experiências e etc. É um conjunto de coisas que nos transforma em traços de personalidades e acredito que a permissão não seja algo simples.
Como funciona a conquista da auto-permissão?
A busca pela auto-permissão é um processo e não um episódio. Não acredito que um curso ou mentoria de um único encontro seja capaz de tirar ou trazer essa permissão às pessoas. É um processo. Temos que conseguir entender que a mudança em si é um processo. Antes de eu me tornar exatamente que eu gostaria de ser, eu estou primeiro deixando de ser quem eu era. E por um bom tempo eu vou mais deixar de ser do que ser. É necessário aprender a deixar para trás. Eu era uma pessoa movida por determinadas coisas e não quero mais. Acreditar no novo é um ponto de partida e é uma construção que vai sendo feita. Nesse processo de construção é importante nos compararmos com quem nós éramos, fazer um processo de comparação com quem gostaríamos de ser. Quando reconhecemos essas comparações com a nossa própria trajetória, e não com a dos outros, entendo que é a forma da gente ir validando essa caminhada e construir novas conquistas e um novo e melhorado perfil de pessoa.
Informações
Data: 7 de junho, às 20h
Local: Clube Tiro e Caça (Salão Social)
Ingressos
Associados CTC, assinantes A Hora, idosos, professores e estudantes (meia-entrada): R$ 35
Púglico em geral: R$ 70