O sábado foi de intensos protestos nas principais rodovias da região. Pelo sexto dia consecutivo, caminhoneiros mantêm diversos pontos de bloqueio em trechos da BR-386, ERS-130 e outras estradas próximas como forma de questionar os recorrentes aumentos nos preços dos combustíveis. Centenas de caminhões seguem parados às margens das pistas, e desabastecimento da população se acentua.
Acampados ou dormindo nas boleias, os caminhoneiros grevistas ganharam forte apoio durante a manhã e tarde deste sábado. Centenas de moradores das principais cidades atingidas pelos bloqueios saíram às ruas para demonstrar solidariedade aos manifestantes. Muitos vestiam camisetas com as cores verde e amarelo, e também empunhavam bandeiras do país.
Em Lajeado, centenas de motociclistas se reuniram no Parque dos Dick e seguiram até os dois pontos interrompidos da BR-386. Durante o trajeto até Estrela, o trânsito na rodovia federal ficou lento. Dezenas de carros também se uniram ao movimento. No encontro com os manifestantes, muitos aplausos, de ambos os lados.
Quem acompanhava toda a movimentação no trecho estrelense da rodovia federal era o casal, Andressa e Lauro Brum. Nenhum deles trabalha com transporte de cargas ou possui caminhoneiros na família. Mesmo assim, foram até as margens da BR prestar solidariedade aos acampados. “Todo mundo está sentindo no bolso”, resume.
Na BR-386, no Superporto, em Estrela, centenas de pessoas foram demonstrar apoio aos grevistas na tarde deste sábado
Também em Estrela, centenas de pessoas estavam nos acostamentos e no canteiro central da rodovia fazendo “bandeiraços”. Veículos leves andavam em baixa velocidade e a maioria buzinava e acenava para os manifestantes. No trecho lajeadense, os protestos também ganharam diversos adeptos. A concentração é nos acessos aos bairros Centenário, Conventos e Bom Pastor.
Quem estava lá era o caminhoneiro aposentado, Ademar Schmitt, que mora ao lado do ponto escolhido para o bloqueio. Trabalhou 35 anos na boleia. “Estou aqui para apoiar os colegas. Não tem como ser contra essa movimentação. E quem já trabalhou no ramo sabe como é difícil para este pessoal”, resume ele, ao lado de uma faixa pedindo “Intervenção Militar”.
Hino nacional em Arroio do Meio
Na ERS-130, próximo do acesso ao bairro São Caetano, centenas de caminhoneiros, familiares, amigos e simpatizantes protagonizaram um momento distinto por volta das 15h30min deste sábado. O trânsito ficou totalmente interrompido por 15 minutos. Neste intervalo de tempo, os manifestantes entoaram o Hino Nacional e o Hino Rio-Grandense. Muitos, abraçados na bandeira brasileira.
Em Arroio do Meio, na ERS-130, manifestantes entoaram o Hino Nacional e trancaram totalmente a rodovia por alguns minutos
Proprietário de uma empresa de som para eventos, Vanderlei Scherer, de Arroio do Meio, está acampado às margens da rodovia, junto ao ponto de bloqueio, desde terça-feira passada. “Eu gasto mais de R$ 6 mil por mês só com o combustível. Fora toda a manutenção dos veículos que carregam o som, e também o custeio dos funcionários. Precisamos nos unir a esta causa. Isso está refletindo no bolso de todos os empresários e cidadãos.”
Sem combustível
O Posto do Arco, no bairro Santo André, em Lajeado, era o único na cidade com gasolina na sexta-feira pela manhã. Ao público geral, a venda encerrou naquele momento, enquanto o etanol ainda durou até à tarde. Neste sábado, não havia mais nada. “Estamos abastecendo apenas carros da polícia, dos agentes de trânsito, ambulâncias e outros serviços de emergência”, avisa um dos frentistas. “E não há previsão para a venda aos clientes normais.”
Posto do Arco, na ERS-130, em Lajeado, já não possui combustível para vender aos clientes, apenas para carros da polícia, ambulâncias e afins
Pontos de protesto
Nesta manhã de sábado, havia manifestações no quilômetro 69 da ERS-129, em Encantado, próximo à Evetur; na RSC-453, no quilômetro 19, em Cruzeiro do Sul; no posto Rota do Sol, em Teutônia; na BR-386, em Estrela e Lajeado.
Em Arroio do Meio, além do bloqueio de caminhões na ERS-130, dois piquetes foram montados dentro da cidade no início do dia, na Rua Presidente Vargas, no Bairro Aimoré. Os manifestantes não aceitam os termos apresentados pelo governo federal. Já o presidente autorizou que as forças de segurança assumam o controle dos caminhões que impedirem o tráfego em rodovias.
