Cresce o apoio aos caminhoneiros

vale do taquari - SEM PREVISÃO DE FIM

Cresce o apoio aos caminhoneiros

Em Estrela, já são mais de mil caminhoneiros alocados nas imediações do Porto. Cruzeiro do Sul reuniu ontem mais de 250 manifestantes na RSC-453

Cresce o apoio aos caminhoneiros
Vale do Taquari

Nenhum caminhão foi visto em circulação nas principais rodovias da região ontem. O fluxo nas estradas era baixo e em diversos pontos do Vale carretas e tratores às margens da faixa reforçavam o movimento iniciado nessa segunda-feira.

Na RSC-453, no Distrito Industrial, em Cruzeiro do Sul, cerca de 250 pessoas, entre caminhoneiros, produtores e adeptos da manifestação bloquearam a estrada e criaram duas alças de acesso para dificultar o trânsito de veículos de passeio.

Sem uma suposta liderança no movimento, não há previsão de término nos protestos enquanto o governo federal não acatar com a redução de impostos sobre o combustível, segundo os manifestantes.

“Me indigna saber que as pessoas estão mais preocupadas em saber se ainda tem gasolina nos postos de combustíveis”, esbraveja o empresário Fabrício Sen, 33. “Essas pessoas deveriam estar aqui com a gente no protesto”.

Com a falta de combustível em vários postos da região, algumas pessoas foram ao protesto de carona, de bicicleta e a pé. Foi o caso de Josiel Gerhardt, 32.“Além de poupar gasolina, já estou me adaptando à falta de combustível”, satiriza enquanto percorre a manifestação de bicicleta.

Na RSC-453, no Distrito Industrial, em Cruzeiro do Sul, cerca de 250 manifestantes aderiram ao movimento e interceptaram veículos utilitários

Na RSC-453, no Distrito Industrial, em Cruzeiro do Sul, cerca de 250 manifestantes aderiram ao movimento e interceptaram veículos utilitários

Mais de mil

Na BR-386, a movimentação iniciada na quarta-feira, quando caminhoneiros foram interceptados por manifestantes e coagidos a estacionar os veículos nos fundos do Porto, em Estrela, agora já conta com mais de mil motoristas alocados no estacionamento improvisado e mais de 500 caminhões parados.

A alimentação é fornecida por empresários e voluntários adeptos ao protesto. Cinco banheiros químicos foram fornecidos aos manifestantes, além do banheiro de um posto nas imediações do protesto, onde os caminhoneiros também tomam banho.

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Com uma barraca no acesso ao Porto, Sedenir Müller, 41, que trabalha em uma empresa de rastreamento, decidiu fazer um almoço especial aos manifestantes ontem. “Vim dar um apoio. Não é muito, mas é minha contribuição. Fiz um ‘salchipão’ para eles”. Além da comida, Müller levou papel higiênico para os caminhoneiros.

Ainda que motocicletas tenham um consumo menor de combustível, diversos motoboys se juntaram ao protesto dos caminhoneiros. Segundo Inês Schmitz, 53, que tem uma empresa de tele-entrega faz cinco motos, com o aumento do preço da gasolina, o prejuízo mensal chega a 70%. “Precisamos dar um basta nisso”, protesta.

Acompanhando a manifestação na entrada do Porto desde segunda-feira, o empresário Fábio Opperman conta que a comunidade local aderiu ao movimento com mantimentos e outros empresários têm colaborado até com recursos para que o protesto alcance o objetivo de reduzir tributos. “A causa é única e unânime”, contesta. O empresário revela que a situação atual “não é novidade e que movimento nasceu faz dois meses”.

A Polícia Rodoviária Estadual, responsável pelo trecho, acompanha a movimentação em tempo integral.

Empresário do ramo de sucatas paralisou atividades e aderiu à greve

Empresário do ramo de sucatas paralisou atividades e aderiu à greve

Empresários na causa

Boa parte dos manifestantes nas estradas é de empresários do ramo do transporte ou que têm algum tipo de vínculo com o setor. Dono de uma empresa de sucatas, Alécio Bartz, 47, decidiu aderir ao movimento ontem.

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Segundo ele, com apenas 13 caminhões na empresa, os gastos atuais chegam a R$ 80 mil só em combustível. “Me uni ao povo para ver se muda alguma coisa, porque do jeito que tá não dá mais”, lamenta acompanhado dos funcionários com os caminhões parados à beira da ERS-453.

Ainda que o movimento ganhe mais adeptos a cada dia, nem todos concordam com a forma como vem sendo conduzida o protesto. Enquanto teve o carro bloqueado no Distrito Industrial, em frente ao posto Mate Amargo, uma mulher que prefere não ser identificada esbravejava. “Não tô nos melhores dias. Vai parecer que não concordo com eles (manifestantes), mas já estou atrasada e não sou obrigada a ficar parada aqui”, disse, querendo se deslocar para Santa Cruz do Sul.

Paralisação em Encantado

Na manhã de ontem, nas proximidades do trevo de entrada da cidade na ERS-129, próximo ao pórtico, houve um ponto de paralisação dos caminhoneiros e apoiadores da greve. A paralisação iniciou por volta das 9h.

“Ficaremos aqui até a decisão do governo assinar as nossas reivindicações”, diz o caminhoneiro César Luiz Dahn, 53. Ele trabalha como motorista faz mais de 35 anos. Segundo ele, além da redução no preço dos combustíveis, a classe solicita mais incentivo e valorização, assim como melhores condições de estrutura nos pontos de parada.

“Depende da população vir fazer o reforço. Não sobra quase nada na realidade. Os custos ficam em cerca de 70% ou mais do valor pago”, acrescenta o caminhoneiro Virgilio Nava, 52.

Em meio à paralisação, pessoas de outras classes trabalhadoras apoiaram a greve. O vendedor Leocádio Gianezini, 53, foi um deles. “Ninguém mais aguenta. Trabalhamos para o governo. Se compararmos o nosso país com outros europeus, vemos que não temos retorno de nada. Não temos saúde, segurança e educação”, desabafa.

Ao longo da RSC-453, manifestantes queimaram pneus para chamar a atenção da população e das autoridades sobre a importância do movimento

Ao longo da RSC-453, manifestantes queimaram pneus para chamar a atenção da população e das autoridades sobre a importância do movimento

Pontos do protesto

No Vale do Taquari, pelo menos sete pontos tiveram manifestações de caminhoneiros ontem. Na BR-386, registrou-se protestos em Estrela (acesso ao bairro das Indústrias) e Lajeado (bairro Conventos – km 342).

Em rodovias estaduais da região, houve concentração de manifestantes na ERS-130, em Arroio do Meio. Em Cruzeiro do Sul, na RSC-453, a maior concentração foi próximo ao Posto Mate Amargo.

Outros pontos de protesto foram registrados em Arvorezinha, na RSC-287, em Encantado, na ERS-129 e em Taquari, na RSC-287. Utilitários não estão sendo bloqueados, apenas de carga.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br | Colaboração – Gisele Feraboli: gisele@jornalahora.inf.br

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