Os reflexos na logística do estado provocados pelos investimentos da Fraport no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, foram tema da reunião-almoço realizada ontem na Acil. Executivo da companhia alemã vencedora do leilão que concedeu a administração do terminal aeroviário, Andreas Monteg apresentou os planos da empresa para os próximos 25 anos.
De acordo com Montag, a Fraport, que tem sede em Frankfurt, buscou novos mercados para crescer, diante da pouca margem de avanço das viagens aéreas na Alemanha. “Os alemães já viajam em média 2,5 vezes ao ano, enquanto o brasileiro não chega a uma vez por ano. Existe uma grande possibilidade de avanço no país.”
A estratégia de expansão da empresa teve início em 2001 e um dos primeiros terminais comprados foi o de Lima, no Peru. Hoje, a companhia administra 30 aeroportos na Europa, América Latina, América do Norte e Ásia. Os dois últimos foram no Brasil, o próprio Salgado Filho e o aeroporto de Fortaleza.
Conforme o executivo, a concessão do terminal de Porto Alegre tem 25 anos de duração e inclui uma série de obrigações em melhorias estruturais e de serviços. Segundo ele, em dois anos, o Salgado Filho viverá uma nova realidade.
“Hoje, temos oito milhões de passageiros por ano. Queremos chegar a 22 milhões por ano”, afirma. Além da obra de ampliação da estrutura, para trazer um padrão internacional ao aeroporto, a administradora também prevê a ampliação do número de destinos diretos dos voos.
Segundo ele, hoje 90% dos passageiros que saem de Porto Alegre têm como destino inicial os aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Congonhas, em São Paulo, Galeão, no Rio de Janeiro, e Juscelino Kubitschek, em Brasília. “Queremos ampliar especialmente as conexões diretas para o Norte e Nordeste.”
Montag lembra que a Fraport é uma companhia privada e terá de obter retorno sobre o mais de R$ 1,5 bilhão que serão investidos. Segundo ele, com a concessão, todos os agentes envolvidos obtêm vantagem, sejam passageiros, transporte de cargas e a própria empresa.
Palestrante ressalta a redução do custo de logística no RS por meio do investimento no terminal aeroviário
Avanço logístico
Presidente da Associação Brasileira de Logística, Paulo Menzel se fez presente no evento e enalteceu as iniciativas da Fraport para o avanço da estrutura logística no RS. Segundo ele, o custo dos transportes consome nada menos que 21% do PIB gaúcho.
“Nós somos excelentes em produzir, seja no agronegócio ou na indústria, mas perdemos espaço no Brasil por sua infraestrutura logística”, alerta. Segundo ele, o percentual do PIB gasto com transportes não poderia superar os 6%, índice verificado nas nações desenvolvidas.
“Nossa infraestrutura está 55 anos atrasada e é por aí que nosso estado está morrendo economicamente”, reforça. De acordo com Montag, a ampliação do aeroporto é uma das ações capazes de melhorar esse cenário.
Segundo ele, hoje as mercadorias que são remetidas de Porto Alegre precisam ser enviadas de caminhão até o centro do país para depois embarcar em um avião rumo ao destino final. Conforme Montag, proporcionar que os produtos embarquem direto do Salgado Filho representa redução de custos e de tempo para a conclusão do transporte.
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br
