A paralisação dos caminhoneiros fica cada vez mais forte. Acuado, o governo federal erra de novo. Fica em uma proposta sem efetividade. Retirar o imposto do diesel. A eliminação do tributo representa menos R$ 0,05 por litro de diesel. Além de insuficiente para acalmar os ânimos dos caminhoneiros, retirar a Cide dos combustíveis se torna uma manobra arriscada e com uma tendência de elevar o desemprego.
Como não abre mão de arrecadar, cobra na outra ponta. Condiciona sobre esse mecanismo a aprovação do projeto de desoneração da folha salarial das empresas. Uma decisão nociva para toda a economia. Coloca o garrote no pescoço do empresariado, já sufocado pelo custo Brasil e por toda a instabilidade financeira.
O horizonte é sombrio. Ainda não se sabe o que vai acontecer, se a tempestade dos protestos será duradoura ou passageira. De surpresa, fica a velocidade com que a manifestação se alastrou. Pelo impacto, paralisa mais do que caminhões. Para também a economia nacional.
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Pelo Vale, postos registram falta de combustíveis, indústrias suspendem as linhas de produção e inclusive o leite para de ser captado nas propriedades. Com a continuidade, há risco da falta se alastrar para mais produtos, inclusive de chegar às gôndolas dos supermercados.
Parte desse problema se deve ao fato de a única estratégia logística nacional ser por meio das rodovias. Foram abandonados outros modais. Não houve investimento para dotar o Brasil, um país continental, de uma malha ferroviária eficiente. Também não se pensou em qualificar as hidrovias, para aproveitar os cursos naturais prontos nesta nação rica em mananciais hídricos. A falta de planejamento custa caro.
A greve dos caminhoneiros toma o noticiário nacional e apaga o que ocorre em Brasília durante a Marcha dos Prefeitos. No âmago das discussões, seja na margem da rodovia ou pela Praça dos Três Poderes, está a mesma reivindicação: a alta carga tributária. Tanto que ontem, 43 governos municipais da zona de produção gaúcha anunciaram, em solidariedade aos caminhoneiros, a paralisação das atividades. Amanhã, escolas, prefeituras, secretarias, tudo vai fechar. A pressão mostra que é fundamental rever o pacto federativo e fazer a reforma tributária antes de qualquer outro movimento governamental.
Editorial
Horizonte sombrio
A paralisação dos caminhoneiros fica cada vez mais forte. Acuado, o governo federal erra de novo. Fica em uma proposta sem efetividade. Retirar o imposto do diesel. A eliminação do tributo representa menos R$ 0,05 por litro de diesel. Além…