Galgado pela solidariedade dos seus moradores, o bairro Conservas é uma das mais importantes localidades de Lajeado. É lá que se encontram importantes entidades de apoio social aos mais necessitados, e é lá que boa parte da cidade aprendeu a se desenvolver lutando contra as dificuldades. E sempre foi assim do outro lado da ponte do Saraquá.
Primeiro, explica o professor, jornalista e historiador José Alfredo Schierholt, o nome do bairro era “São Bento do Sul”, ou simplesmente São Bento. Isso lá no início da década de 1920, quando estabeleceu-se, junto ao Rio Taquari, com porto próprio, uma filial da Fábrica Oderich, fundada em São Sebastião do Caí, em agosto de 1907, por Adolfo Oderich.
O filho dele, Max Oderich, foi um dos diretores da filial em Lajeado. Para morar com a família, ele construiu um palacete, na parte alta da fábrica de Conservas. Anos depois, esse sobrado foi doado para entidades assistenciais e transformado em Lar da Menina Nora Oderich, nome da mulher do doador.
Antigas chaminés da fábrica d e conservas Oderich. Empresas que iniciou a produção na década de 20 deu nome ao bairro
Um dos principais diretores daquela empresa, conta Schierholt, foi o empresário Frederico Leopoldo Dexheimer, o primeiro prefeito de Lajeado, nomeado pela então ditadura comandada por Getúlio Vargas. Seu mandato municipal perdurou entre 20 de dezembro de 1930 e 1º de março de 1931.
Já em 1937, porém, a filial da empresa de conservas se transferiu para Gravataí, deixando a fábrica lajeadense em ruínas. Naquela época, e para não confundir aquele bairro com a Linha São Bento, o então prefeito João Frederico Schaan deu ao arrabalde o nome de bairro Conservas, lembrando a produção de alimentos suínos hermeticamente fechados e conservados em embalagens de latas, e antes exportados por todo o Brasil a partir de Lajeado.
Antes de fechar, porém, a fábrica atraiu centenas de operários que se estabeleceram nas proximidades da empresa. Duas grandes chaminés, com enormes instalações para recepção de suínos, matadouro e industrialização de carnes formavam um complexo de grande porte. Quase tudo foi demolido.
“O nome do bairro lembra essa fábrica”, reforça Schierholt. Porém, com o fechamento, muitos desempregados ficaram no bairro e, para o historiador, netos desses e os novos moradores sabem cada vez menos da história de Conservas. Como, por exemplo, que a atual av. Beira Rio se chamava av. São Bento, e que foi alterada sem consulta popular.
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br
