Formada pela Univates e moradora de Teutônia, a designer Marina Pavan, 24, desenvolveu como trabalho de conclusão o projeto de um aplicativo, o Farol, para ajudar pessoas com depressão.
• Como surgiu a ideia?
Da vontade de fazer um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) relevante, que levasse a pesquisas futuras e que nos movesse a pensar e falar sobre o assunto. Muitas pessoas conhecem alguém que tem a doença, e existe um grande estigma. Pouco se entende sobre o que a depressão realmente causa – muitos acham que depressão não existe, que a pessoa tem preguiça ou falta de vontade, mas a verdade é que ela está doente e precisa de ajuda.
• O que você destaca na pesquisa?
Fiz entrevistas com psicólogos e psiquiatras e uma pesquisa on-line com 427 respondentes para compreender como as pessoas enxergam a depressão e como usam smartphones e aplicativos. Dessas, 137 responderam que foram diagnosticadas com depressão em algum momento da vida. Isso me surpreendeu bastante; não imaginei que seriam tantas as pessoas a responder o questionário, principalmente pelo fato de que muitas têm vergonha de falar.
• Como o Farol funciona?
É um tipo de rede social para compartilhamento de informações sobre depressão e para a formação de uma rede de apoio – para amigos, familiares e para a própria pessoa com depressão, que muitas vezes não sabe pelo que está passando. As pessoas podem obter informação verificada sobre a doença por meio de vídeos, textos, áudios, imagens; interagir em comentários e conversas; falar com profissionais da saúde; marcar numa agenda um lembrete de consulta; e compartilhar os conteúdos em outras redes.
• O que seria necessário para tirá-lo do papel?
Seria preciso uma parceria de alguém que fizesse a programação, e também pessoas da área da saúde que contribuíssem com o conteúdo sobre depressão.
• Essa imersão mudou a sua forma de enxergar a doença?
Com certeza. Acredito que as pessoas estão percebendo como ela afeta muito a vida de quem sofre com isso, porém, muitas vezes não têm empatia para fazer alguma coisa. Toda essa pesquisa serviu também para fazer as pessoas falarem sobre o assunto, perceberem o quanto a depressão é prejudicial e o quanto podemos ajudar a melhorar a vida de quem sofre com ela.
Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br