Jogador de bocha por talento, gremista por escolha e comunicativo por natureza, Hilário Colombo tinha o otimismo como base de sua liderança, tanto em casa como nos negócios. É o jeito simpático e atencioso que fica na memória de quem conviveu como um dos principais comerciantes do Vale do Taquari. Fundador das Lojas Calci, morreu de causas naturais, aos 90 anos, na madrugada de ontem.
Sétimo em um grupo de oito irmãos, Nilton Cesar Colombo, 48, lembra do pai como uma pessoa empenhada em fazer o bem a quem estava ao seu redor. “Ele tinha uma facilidade enorme de fazer novas amizades e trazer as pessoas para junto de si. O que fica para mim são os momentos de risada e de alegria”.
Hilário Colombo ajudou a criar, em 1975, a empresa que levava o sobrenome da família. Natural de Picada Serra, Marques de Souza, na época era sócio de uma fábrica calçadista em Santa Clara do Sul, e produzia calçados para a empresa de um dos filhos, Euclides, então à frente da Calçados Colombo.

Hilário Colombo, 90, foi pioneiro no setor calçadista
Em 1977, Euclides deixou a empresa nas mãos do pai. Hilário reestruturou o negócio e o tornou conhecido. Durante mais de quatro décadas, a Calçados Colombo foi referência no varejo de calçados multimarcas na região, chegando a contar com cinco lojas.
A primeira foi instalada no número 1.073 da rua Júlio de Castilhos, tradicional ponto no centro de Lajeado, e funcionou até março, quando assumiu a identidade de Lojas Calci. A franquia é hoje a maior do ramo na Região Sul.
Um das funcionárias mais antigas é Fabiana Knopp, 41. Há 21 anos, ela disputou uma vaga de vendedora com outras moças. Enquanto esperava para fazer o teste, puxou assunto com Hilário, sem saber quem ele era, já que a seleção era comandada por Nilton.
Em uma época que a comunicação por telefone era restrita, o resultado chegava na porta de casa. No caso de Fabiana, a residência ficava no bairro Universitário. “Três dias depois, o Nilton foi lá em casa para falar: ‘tu não foi bem no teste, mas o pai gostou de ti e vamos te contratar’”, recorda a hoje gerente.
Grêmio e bocha
Todos os dias Hilário visitava a loja, por pelo menos 40 minutos. Segundo Fabiana, ele gostava de conversar com os clientes. Em dias de jogo do Grêmio, usava abrigo e camiseta do time e celebrava as vitórias do Tricolor com a equipe. “E em datas folclóricas, de CTG, ele ia de bombacha e queria que a gente fosse de prenda.”
Apesar do apreço pelos costumes gaúchos, era a cultura italiana que realmente o encantava. Todas as quintas-feiras, jogava bocha na Societá Taliana Tutti Fratelli, ao lado dos amigos. Entre esses, o aposentado Valdemar Gonzatti, 69, que o conhecia faz cerca de 40 anos.
Segundo Gonzatti, o amigo fazia todos rirem ao misturar palavras italianas com expressões em português. “Ele era muito divertido e estava sempre disposto. Não tinha tempo ruim. Era muito amigo.”
Hilário foi casado com Maria Santina, já falecida. Deixa oito filhos, 15 netos e quatro bisnetos. O corpo foi sepultado no Cemitério Católico de Lajeado.