O reflexo de uma política econômica perversa está nas ruas do país. De novo. Caminhoneiros cruzam os braços de ponta a ponta do Brasil e agricultores se juntam à mobilização. Os protestos ganham escala e já se projeta a retomada de um movimento de proporções iguais ao registrado em fevereiro de 2015. Lá esteiras de produção industrial pararam e mercados foram desabastecidos.
Os inexplicáveis e repetidos aumentos no preço dos combustíveis são o estopim dos motoristas. Já perdemos a conta de quantas vezes, nos últimos anos, foram reajustados. O preço da gasolina, por exemplo, subiu 11 vezes nos últimos 17 dias. O do diesel aumentou incríveis 121 vezes desde julho do ano passado, o que representa um acréscimo acumulado de 56% no período. É um absurdo, literalmente.
A mobilização dos motoristas é legítima. A insatisfação faz todo sentido e protestar é uma das maneiras de externar o inconformismo. Resta saber se o recado chegará ao destino certo. Em 2015, bem lembramos, os protestos de caminhoneiros terminaram sem qualquer recuo nos preços do combustível. Pelo contrário, de lá para cá, jamais tiveram tamanha escalada, chegando aos recordes atuais.
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Duvido que o presidente interino Michel Temer seja capaz de sensibilizar-se com o movimento dos caminhoneiros. Há duas semanas, Temer sustentou que a alta no desemprego seria uma notícia … positiva. Vejam só: “É um dado positivo que revela esse suposto desemprego”, revelou em entrevista concedida à CBN. “Quando a economia melhora, as pessoas que estavam desalentadas e não procuravam emprego começam a procurar emprego”, prosseguiu e foi além: “Como não há emprego para todos, isso eu reconheço, ele não consegue o emprego”, continuou Temer. “Ele entra, ou reentra, na área dos desempregados. Mas é interessante, eu volto a dizer. É um fato positivo”, assegurou.
Com um presidente que, pelas declarações, adora uma aventura no terreno da ficção, é possível acreditar no quê? Se um chefe da República – ilegítimo, diga-se de passagem – fala e pensa desse jeito, o que dirá do movimento dos caminhoneiros? Só falta dizer que o litro da gasolina vendida a R$ 5 é uma notícia … positiva.
Como assim?
Pasmem! No jornal A Hora de ontem, na página 6, reportagem mostra que a tribo de índios cainguangue invadiu 52 hectares de uma granja em Cruzeiro do Sul. O proprietário da área tenta reaver o espaço, mas não consegue. O cacique da tribo sustenta que as terras pertenciam aos índios há 518 anos e por isso tem direito de invadir. “Ele (dono) tem o direito dele, mas também temos o nosso”, disse à reportagem. Era só o que faltava.
Fertilidade em alta
Lajeado registrou 8,8 mil nascimentos entre 2008 e 2018. São mais de mil por ano. Em Quaraí, na fronteira com o Uruguai, o governo municipal implementou campanha para reduzir o número de nascimentos, que em 2017 chegou a 286 crianças. A cidade tem pouco mais de 23 mil habitantes. Escrevi sobre isso no fim de semana: http://www.jornalahora.com.br/conteudo/abuso-ou-coerencia.
O número de Lajeado – que tem em torno de 80 mil habitantes – explica, em partes, por que as filas de berçário nas escolas infantis não param de subir.