Na safra passada, o fruticultor Ivanir Boni, de Roca Sales, contabilizou perdas acima de 50% no pomar de goiaba. Assim como ele, ainda em 2016, outras 16 famílias se depararam com uma doença que deixou as frutas cheias de verrugas escuras, com deformações e propensas à queda. “Sem sanidade e boa aparência, a fruta não tem colocação. Ganhamos R$ 0,50 por quilo. Foi desanimador”, recorda.
Boni aplicou os tratamentos recomendados pelos técnicos da Emater e neste ciclo alcança excelência tanto em qualidade como em sanidade. A produção chegou a 30 toneladas. São 600 pés cultivados. A maior parte foi vendida in natura. “O preço triplicou. Colhemos um fruto sadio, limpo e com sabor agradável”, destaca.
A goiaba para consumo in natura chegou a ser comercializada por R$ 2. Já a destinada para indústria rendeu R$ 0,75 o quilo. A família também cultiva dois hectares de uva, caqui e bergamota.
Carlos Furlanetto teve prejuízo na safra passada. Mais de 70% do total colhido foi perdido devido ao ataque da doença. “Quase não conseguimos vender as frutas para a indústria”, relembra.
Este ano o cenário é bem diferente. Com goiabas graúdas, conseguiu preços acima do esperado. O quilo foi vendido a R$ 3.
Doença controlada
Segundo o assistente técnico regional em Sistema de Produção Vegetal, Derli Bonine, o maior desafio foi identificar o problema. Os sintomas eram parecidos com a antracnose.
Após consultar estudiosos de vários estados, conheceram um trabalho do pesquisador Henrique Mendonça, da Universidade Federal de Viçosa (MG). Ele descrevia a existência do inseto tripes, que provocava uma doença chamada de “falsa verrugose”, bastante semelhante àquela que acometia as plantas do município.
O tripes, um inseto nativo, sempre estava presente nos pomares, no entanto, uma condição favorável o fez se manifestar com mais intensidade. “Na situação dos fruticultores daqui, optou-se pelo monitoramento, pelo controle químico e pela redução do uso de agrotóxicos, com a aplicação de inseticida registrado e com uso racional, diferentemente do que ocorria anteriormente, com a aplicação desenfreada de produtos diversos, sem êxito”, enfatiza.
Conforme o extensionista da Emater/RS-Ascar, Guilherme Miritz, a instalação de armadilhas, garrafas pintadas de azul com cola entomológica, contribuiu para o sucesso da empreitada. “Ao descobrir o tripes, conseguimos indicar os inseticidas específicos para combater a ação da praga”, relata.
Setor em números
No município, são mantidos 12 hectares de goiaba, sendo nove em fase produtiva. A média colhida chega a 18 toneladas por hectare. O quilo da fruta in natura alcança R$ 3 e a matéria-prima destinada para indústria chega a R$ 1,10.