Elédio Pereira Vargas, 49, de Pedra Grande, Paverama, conheceu a fruta em 2016, durante a Expointer. E optou por buscar alternativas para diversificar a propriedade de quase 50 hectares devido à baixa remuneração da madeira e do gado de corte.
No estande da Emater, lembra, a cultura exótica, com formato escamoso, chamou a atenção: era a pitaia. “Resolvi apostar e o retorno é satisfatório”, garante.
Quase mil mudas estão em fase de crescimento, presas a 230 postes de cimento. O investimento chega a R$ 18 mil. A safra iniciou em dezembro e termina este mês. Cada planta rende até 15 frutas. O peso varia de 300 gramas a um quilo. “Com boas condições meteorológicas, é possível ter cinco floradas. Já colhi 300 quilos”, contabiliza.
As frutas são vendidas para mercados da região ao preço de R$ 11 o quilo. O consumidor final paga R$ 20, comenta. Com boa aceitação, a meta é plantar mil mudas a cada 12 meses e, aos poucos, reduzir a área destinada ao reflorestamento, que hoje ocupa 35 hectares. “O valor do metro cúbico do eucalipto caiu de R$ 50 para R$ 38 em quatro anos. Já o preço do boi gordo está em apenas R$ 4, o que torna a atividade inviável”, lamenta. O plantel foi reduzido de 30 para dez cabeças.
Produção orgânica
As pragas são controladas com produtos biológicos. O amendoim forrageiro ajuda a fixar o nitrogênio no solo e diminuiu o avanço de ervas daninhas.
A planta é sensível à geada, requer solo arenoso, pouca umidade e áreas com bastante incidência de sol.
O desafio é tornar a fruta mais conhecida do público. “É saborosa, doce e com textura gelatinosa, extremamente benéfica para a saúde”, afirma Vargas.
Sob a casca, que pode ser rosa ou amarela, esconde-se uma polpa vistosa branca ou avermelhada, salpicada de pequenas sementes e rica em fibras, vitamina A e C, além de minerais como ferro, zinco, potássio e manganês.
A pitaia ajuda no emagrecimento, protege o sistema nervoso, aumenta a massa muscular, reduz o colesterol e diabetes, melhora a visão e previne o câncer. “Pode ser consumida in natura, em suco ou geleia”, ensina.
Além dos frutos, Vargas quer se especializar na produção de mudas. “Cada planta rende 250 unidades em um ano”, observa. A muda enraizada custa R$ 15.
Fruta de custo elevado
Segundo o técnico da Emater/RS-Ascar, Aldacir Pretto, por se tratar de um fruto pouco conhecido e de alto valor comercial, o consumo é restrito a um público com maior poder aquisitivo. “Ao divulgar seus benefícios, conseguimos elevar as vendas, reduzir o preço final e assim estimular a produção”, avalia.
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Quanto ao cultivo, orienta o produtor a buscar auxílio técnico para fazer análise do solo, adubação, controle de pragas (formigas e vaquinha) e escolha das variedades. O custo para implantar um hectare chega a R$ 60 mil.
A primeira colheita ocorre 18 meses após o plantio. A partir do terceiro ano, cada pé produz até 40 frutas. O peso médio varia de 350 a 400 gramas.
Conforme Pretto, o cultivo não tolera geadas fortes e requer locais com bastante sol. “A flor se abre à noite e necessita de polinização manual”, explica. Após o processo, a frutificação inicia em 40 dias.
Agronotícias responde
Como fazer o controle da mosca-das-frutas?
Coloque armadilhas com garrafas PET transparentes, com orifícios de 0,7 cm, em um galho da planta, em altura de 1,5 m, protegidas do sol, lado nascente. Como atrativo, utilize proteína hidrolisada a 5%. O monitoramento e a substituição do atrativo deve ser semanal.
Controle maçal com uso de Ceratrap
Colocar 150 ml do produto em garrafas PET transparentes com dois furos de 0,7 cm de diâmetro (em lados opostos na garrafa), na parte superior. De preferência, utilize garrafas de 500 ml para otimizar o uso do produto. Verificar toda a semana as garrafas para monitorar a ocorrência do inseto. Sempre que o volume diminuir, é preciso repor o produto. Não deixar menos que 50 ml por garrafa, porque precisa ter líquido para que ocorra a captura. Utiliza-se de 10 a 15 garrafas por hectare. Para pomares domésticos, utilizar uma armadilha para cada planta.
Controle com isca tóxica de Anamed
É um atrativo em pasta, próprio para mistura com inseticida em aplicações de isca tóxica. Não atrai insetos benéficos como abelhas e vespas. Tem durabilidade de mais de 15 dias. A pasta do Anamed deve ser misturada ao inseticida e aplicada com equipamento especial. As moscas ingerem a mistura e morrem. Utilizar inseticidas registrados para o cultivo.
Engenheiro agrônomo Derli Paulo Bonine
Emater Regional Lajeado
Mais informações pelo 3729-6113 ou bonine@emater.tche.br.