Ginásios históricos carecem de reformas e mais apreço

Lajeado - retratos do abandono

Ginásios históricos carecem de reformas e mais apreço

Desgastadas pelo tempo, obras inauguradas décadas atrás carecem de investimentos em reformas e manutenção. Ginásios, que homenageiam figuras públicas, como o ex-prefeito Mário Lampert, o empresário Nilo Rotta e o ex-vereador Nelson Brancher, demonstram sinais de abandono. Governo promete melhorias

Ginásios históricos carecem de reformas e mais apreço
Lajeado

O Centro Esportivo Municipal se confunde com o Ginásio Mário Lampert por uma razão muito simples. O projeto original lançado pelo ex-prefeito Alípio Hüffner, em 1973, era mais ousado. Hoje, as quadras esportivas na rua Fábio Brito de Azambuja, no bairro São Cristóvão, são apenas uma pequena parte de um grande empreendimento incompleto.

Era início de novembro daquele ano quando Hüfner anunciou pela primeira vez o plano do novo parque esportivo da cidade.

O empreendimento estava previsto para o bairro Florestal, nos fundos do antigo estádio do Lajeadense, na Av. dos Quinze. Quase um ano depois, em agosto de 1974 e já com a confirmação, também, de recursos para a instalação da escola do Senai no São Cristóvão, os planos mudaram. E mudariam muito mais.

A ideia inicial para o Centro Esportivo Municipal era construir, além do ginásio com 1,8 mil metros quadrados – com refeitório e vestiários –, uma piscina olímpica, quatro quadras polivalente para esporte externo, pista para corrida, cancha para atletismo, campo de futebol e ainda um playground para as crianças menores.

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Foi contratada a empresa Ferri Engenharia. O prazo para conclusão do ginásio era março de 1975 e, conforme jornais da época, o restante do empreendimento “seria cumprido em etapas posteriores”.

A previsão atrasou e a desapropriação do terreno utilizado para abrigar o complexo esportivo e de ensino foi parar na justiça, findando em multa ao prefeito, mas com seguimento às obras. A ação foi movida pelos herdeiros do antigo dono, João Frederico Schaan, que reclamavam desvalorização.

Inauguração em 1976

O ginásio de esportes do bairro São Cristóvão foi inaugurado às 8h do dia 16 de outubro de 1976, durante a XIII Olimpíada dos Estabelecimentos Evangélicos. O primeiro jogo oficial foi entre as equipes de voleibol do Colégio Mauá, de Santa Cruz do Sul, e do Ipiranga de Três Passos. Vitória do time do Vale do Rio Pardo: dois sets a zero (15×1 e 15×0).

Elir Boher, funcionário da prefeitura e fiscal da obra ajudou a descerrar a fita ao lado de Hüffner, do então juiz de direito, Odilo Becker, e de representantes do governo estadual. No discurso, falou-se das dimensões das quadras e da chance de realizar bailes no local. Nada se falou sobre piscina, pista de corrida, campo de futebol, playground ou cancha de atletismo.

Situação atual é preocupante

Passados quase 42 anos da inauguração do espaço – denominado de Ginásio Mário Lampert –, a situação preocupa. “Algumas madeiras da pequena arquibancada estão aqui. Eram boas naquela época”, brinca Sérgio Vetorello, que há 20 anos atua dentro do CEM. “Mas só isso. O resto está muito estragado. É triste de ver”, lamenta.

Entre os problemas apontados – além do abandono dos troféus conquistados na década de 90 pelo CEM – a quadra e o telhado. “Falta parquet em diversos pontos da quadra, e o telhado está com goteira. Arrumaram no ano passado. E já está cheio de buracos.” Na tarde dessa sexta-feira, pelo menos cinco baldes para conter água atrapalhavam o futebol das crianças.

“Atrapalha um pouco, e a gente fica um pouco preocupado com as falhas da quadra. Seria legal jogar sem as goteiras”, resume o jovem Pedro Henrique Gerhardt, que treina futebol com faz pouco mais de um ano, toda a semana, com o professor Adilvo Batistti, que atua faz três décadas no local.

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“A gente se esforça para fazer o possível”, resume o técnico. “E a gente fica preocupada”, conta Dévola Weber, mãe de dois atletas que também treinam com Batistti.

Também há fios de energia em contato com postes de sustentação, falta de pintura, banheiros danificados, lâmpadas queimadas, vidraças quebradas, cupim nos móveis e, até, uma cozinha improvisada no vestiário feminino. “A promessa de um refeitório no subsolo também se perdeu no tempo”, ironiza Vetorello.

Governo promete trocar o piso das quadras do Ginásio Mário Lampert

Governo promete trocar o piso das quadras do Ginásio Mário Lampert

“Vamos investir em melhorias”

De acordo com o secretário de Cultura, Esporte e Lazer, Carlos Reckziegel, o governo municipal planeja uma série de melhorias no ginásio. Entre essas, a troca de quatro goleiras, iluminação nova, vidros das janelas e caixa de luz serão substituídos. Também está prevista outra reforma nos telhados, substituição e instalação de itens para os banheiros, entre outros.

Mas o principal investimento – ainda sem previsão para iniciar – será a troca todo o parquet por piso polido. Para tal, será utilizada verba federal de aproximadamente R$ 200 mil. “Assumimos a gestão com o ginásio em situação ainda pior. Havia até bebedouros dando choque. Vamos reformar, e também instalar uma placa com os dados históricos do local.”

Números

R$ 197,4 mil foi o que o município arrecadou entre janeiro de 2012 e abril de 2018 com aluguel das quadras desses ginásios públicos;

Cerca de R$ 7 mil foram arrecadados neste ano só com aluguel das quadras do Ginásio Mário Lampert. No mesmo período, o governo gastou R$ 7,3 mil com água, luz e telefone.

Situação de outros ginásios

Parque do Imigrante: goteiras nos dois pavilhões com quadras esportivas. Há problemas na fiação elétrica, janelas e piso. No pavilhão 3, que homenageia o empresário lajeadense, Nilo Rotta, há buracos na parede. No local, o governo prevê troca e limpeza de calhas, telhado do banheiro masculino (pavilhão 2), e troca de vidros em todos pavilhões. Orçamento é de R$ 6,5 mil;

No Parque do Imigrante, buracos na parede atestam o descaso

No Parque do Imigrante, buracos na parede atestam o descaso

Ginásio Nelson Brancher: construído em 1992, assim como o “Pavilhão Nilo Rotta”, o ginásio de esportes instalado junto ao Parque dos Dick leva o nome do ex-vereador Nelson Brancher, e também carece de melhorias no telhado. Na tarde de sexta-feira, havia diversos pontos com goteira. Lá está previsto um levantamento orçamentário para reforma do telhado.

Ginásio Nelson Brancher precisa de melhorias no piso e no telhado

Ginásio Nelson Brancher precisa de melhorias no piso e no telhado

Rodrigo Martini: rodrigo@jornalahora.inf.br

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