Casa muda de lugar por “tele-entrega”

Marques de Souza - tRANSPORTE inusitadO

Casa muda de lugar por “tele-entrega”

Retiradas as estacas, casa é levantada por inteiro e levada com móveis e tudo

Casa muda de lugar por “tele-entrega”
Vale do Taquari

Um caminhão sai da propriedade da família Lazzaron. Na carroceria, uma casa. Cena inusitada para os moradores da localidade de Tamanduá, em Marques de Souza.

A surpresa virou o assunto da semana. Em cima do veículo, a casa de 97 metros quadrados de Valdir Lazzaron, 50, percorreu um quilômetro pela rua Expedicionários do Brasil, do antigo para o novo endereço. O imóvel agora é do irmão de Valdir, Alfeu Lazzaron, 57. A residência foi vendida por R$ 10 mil.

Feita de madeira de lei beneficiada, a casa, que mede 7 metros de largura por 9 metros de comprimento, foi a morada da família de Valdir por mais de 30 anos.

No ano passado, Valdir iniciou a construção de uma nova morada de alvenaria para abrigar os dois filhos e a mulher, Genilse Giovanella, 56.

Ao mesmo tempo, o irmão Alfeu se aposentou e decidiu sair de Caxias do Sul, onde residia, e voltar para Tamanduá, onde viveu a infância.

“Ele (Alfeu) me falou de uma empresa de Caxias que trabalhava com remoção e transporte de casa”, conta Valdir. “Se eu fosse desmanchar essa residência, ia perder muito o valor do imóvel.”

Casal Genilse Giovanella, 57, e Valdir Lazzaron, 50, vendeu antiga casa por R$ 10 mil

Casal Genilse Giovanella, 57, e Valdir Lazzaron, 50, vendeu antiga casa por R$ 10 mil

Vai um chimarrão?

Valdir não pensou duas vezes. Ligou para a empresa de Caxias do Sul e solicitou o serviço. “Comentei aqui pela vizinhança e ninguém acreditou. Fiquei quieto. Quis fazer surpresa para todos.”

No caminhão da empresa caxiense, quatro funcionários vieram com dois dias de antecedência antes do embarque para fazer as medidas e retirar o imóvel.

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“Quando vi essa movimentação, sabia que de alguma forma ia dar certo. Os caras não iam vir de longe para nada”, sucinta o vizinho Plínio Giovanella, 66.

Primeiro, os empregados percorreram o trajeto que a casa faria, analisando as dimensões e o solo. Com a aprovação do serviço, orçado em R$ 4,5 mil, foi chegada a hora de remover a casa do endereço de Valdir para levá-la ao alto do morro no logradouro de Alfeu.

“Eles ‘macaquiaram’ a casa nos quatro lados e ergueram ela”, conta Valdir. Em seguida, os funcionários colocaram madeiras nas diagonais da casa, para que não desalinhasse durante o transporte.

Por fim, para evitar que o imóvel caísse da carreta, cintos de segurança foram presos por todos os cantos da residência.

“Aí o caminhão chegou e colocaram a casa em cima dele, com móveis e tudo”, lembra Valdir. “Até nos convidaram para ficar dentro tomando chimarrão enquanto a casa era transportada”, completa a mulher Genilce.

Transporte sem danos

Assim que a casa foi colocada na carreta, vizinhos, ressabiados com o fato inédito, empunharam celulares para gravar o trajeto até o novo endereço.

“De algum jeito sabia que ia dar certo. Porque, quando se começa algo, sempre se dá um jeito de terminar “, relata o vizinho Sérgio Rodrigues, 61. “Mas foi arriscado fazer isso. Se não tivessem medido antes a estrada, teria dado errado”, completa.

E assim foi. Acompanhado de uma caravana de moradores, o caminhão percorreu o trajeto devagar.

“A parte mais difícil foi subir o morro do meu terreno”, conta Alfeu. “Mas os caras são muito profissionais e deu tudo certo. Como a casa saiu do meu irmão, chegou aqui. Intacta”, comemora.

Custo da casa somado ao transporte totalizou R$ 14,5 mil para o novo proprietário Alfeu Lazzaron

Custo da casa somado ao transporte totalizou R$ 14,5 mil para o novo proprietário Alfeu Lazzaron

Busca pelo sossego

Segundo Alfeu, a escolha por Tamanduá para viver a aposentadoria é a busca pelo sossego. “Tive uma empresa de transporte por muitos anos”, comenta. “Passei ela para os meus filhos e agora quero viver em paz onde me criei”, diz enquanto vislumbra a paisagem da nova morada.

Para receber a casa comprada do irmão, a empresa preparou o solo e adaptou a estrutura do imóvel para o caminhão fazer o descarregamento.

Já com encanamento e eletricidade, agora, Alfeu faz os ajustes finais no imóvel para viver o merecido sossego batalhado durante anos de labuta.

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Nem tão raro

Ainda que tenha sido a primeira vez que a empresa de remoção e transporte de Caxias do Sul tenha feito o serviço no Vale, ela já atua faz quase 40 anos no ramo.

“Sou a terceira geração da família que segue com esse trabalho”, conta o empresário Ricardo Pereira, 27.

Segundo ele, não tem dia da semana em que não há estudo ou mudança de casa por parte da empresa de remoções, que atende em todo RS.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

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