O dia das crianças e professoras do Lar da Menina foi de comemoração ontem. O Centro faz parte da Sociedade Lajeadense de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Slan) e atende 140 meninas nos turnos da manhã e tarde.
A professora Eloisa da Rosa, 35, trabalha no lar faz três anos. Além do amor que sente em ensinar, a casa tem uma história importante para ela. Eloisa foi uma das atendidas, dos 7 aos 14 anos.
Depois do período escolar, cursou o magistério. “Quando eu estudava aqui, minhas amigas e eu já sonhávamos em ser professoras.” Poder estar de volta ao lugar onde passou a infância e fazer por suas alunas o que suas professoras fizeram por ela é o que engrandece a experiência de Eloisa.
Segundo ela, as meninas precisam de muito carinho e atenção, não apenas de bens materiais. Ela busca, essencialmente, que haja uma troca recíproca de valores com as alunas.
Depois do almoço, as meninas foram levadas pela professora Simone Saldanha Ribeiro, 42, às salas de aula para descansar. A professora que trabalha no Lar da Menina faz sete anos diz não saber fazer outra coisa que não seja ensinar. “Eu adoro estar aqui com as meninas, é um lugar diferente, eu adoro trabalhar aqui”, afirmou.
A professora Virgínia Margareth Rempel, 55, é funcionária do município e faz 28 anos que o Centro Nora Oderich de Atendimento à Menina mudou sua vida. Hoje, como diretora, ver o impacto social que o trabalho que desempenha causa na vida das meninas lhe enche de gratidão. “Eu vi que tudo o que é realizado aqui é um trabalho de amor”, afirmou.
Hoje muitas das meninas que passaram por lá estão formadas exercendo as profissões de advogadas, professoras, fisioterapeutas, sendo esse o maior incentivo para Virgínia. Segundo a diretora, a família vive com ela a experiência de cuidar das meninas do Lar. Os dois filhos e o companheiro trabalham todos por uma mesma causa e ajudam no que ela precisar.
Segundo a professora, ter entrado na casa de aberturas amarelas e flores coloridas aos 27 anos de idade a tornou uma pessoa mais sensível, humana e preocupada com o próximo, e é isso o que ela tenta passar para as crianças todos os dias.

Um dia especial para professores e alunas. Histórias do Centro Nora Oderich de Atendimento à Menina, de Lajeado, mostram a força da sociedade organizada.
Trabalho coletivo
Ainda hoje envolvido nas atividades do Lar da Menina, o Rotary Club de Lajeado acolheu o projeto em 1978. A residência foi doada pelo casal Francisco Oderich e a mulher Renate, inspirados pela ideia do Rotary e foi reformada em maio daquele ano.
O projeto que tem sede no bairro Conservas foi elaborado pela atual presidente de honra da Slan, Lenira Maria Müller, 94, e pelas mulheres dos rotarianos na época. A residência que tem vista do alto para o Rio Taquari, ganhou o nome de Centro Nora Oderich de Atendimento à Menina, mas logo foi chamada de Lar da Menina pela comunidade. Inicialmente eram atendidas 50 meninas entre 3 e 14 anos.
Segundo o atual presidente da Slan, Leodir De Gasperi, 56, é muito gratificante dar continuidade a esse projeto com a ajuda da comunidade, e poder melhorar o atendimento para as meninas.
A comemoração aos 40 anos também reuniu mulheres de forma voluntária, entre elas, mães de meninas que já passaram pelo Centro Nora Oderich de Atendimento à Menina e que hoje estão formadas ou cursando graduação.
Bibiana Faleiro: bibiana@jornalahora.inf.br