Carisma é um dos atributos do segurança Artemio Rodrigues, 48. Trabalha na área faz 30 anos e é conhecido pela atuação no Ceat. Para ele, o mais gratificante são as amizades que fez neste tempo.
• O que fazia antes de ser segurança?
Trabalhei até os 21 anos na colônia. Depois vim para Lajeado e trabalhei um tempo na Minuano. Recebi um convite para trabalhar como segurança no Clube Tiro e Caça. Eu nunca havia pensado em exercer essa profissão. Trabalhei a primeira noite, gostei e nunca mais larguei. Trabalho como segurança desde setembro de 1991.
• Passou por perigos?
Fui baleado duas vezes. Em um assalto na Padaria Suíça e em um show no bairro São Cristóvão. É muito rápido, quando tu vê, já aconteceu. Na ocasião do show, levei o organizador para casa e na volta tinha um cara nos esperando. Ele achou que eu estava com o dinheiro. Deu cinco tiros e um me acertou na barriga. Na outra vez, um cara tentou me render para assaltar a padaria, eu o desarmei, mesmo assim, fui baleado.
• Como é ser reconhecido pelo seu trabalho?
Eu fico muito contente. Por isso, continuo nessa profissão. O importante é a amizade, é o que eu sempre digo. Tenho dois filhos que seguiram meus passos. Isso é um orgulho para mim. Eu sempre os oriento a fazer amizades. Não é porque somos seguranças que podemos sair batendo ou xingando. O segurança está ali para orientar e proteger. Eu acho que esse meu pensamento que me tornou conhecido.
• Fez muitos amigos na profissão?
Fiz amizades com pessoas que eu nunca imaginei conhecer. Eu não trocaria esse emprego. Eu tentei largar e trabalhar como garçom, mas não era a minha praia.
• Como é dividir o tempo com tanto trabalho?
Isso é complicado, no fim de semana, o tempo é pequeno. É chegar em casa, trocar de roupa e já ir para outro emprego. Durante a semana, eu consigo ficar mais tempo em casa, curtir a família.
• Você acha que hoje o perigo está maior do que quando começou a trabalhar?
Hoje está muito mais perigoso. Antigamente eu trabalhava com mais tranquilidade. Hoje é preciso cuidar a festa em que se trabalha. Tem muito problema decorrente das bebidas e drogas. As festas hoje são diferentes também. Eu trabalhei por tudo que é lugar no interior, em muitos bailões. Hoje eu evito pegar esse tipo de festa, a chance de arranjar confusão é muito grande.
Caetano Pretto: caetano@jornalahora.inf.br