“Sugeriam que eu deveria apanhar”

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“Sugeriam que eu deveria apanhar”

Ativista LGBT, Jandiro Adriano Koch publicou três livros sobre homoafetividade e minorias sociais no Vale. Neste Dia Internacional contra a Homofobia, enaltece a conscientização como meio para manter conquistas e avançar nas liberdades individuais. • Como foi para você assumir…

“Sugeriam que eu deveria apanhar”

Ativista LGBT, Jandiro Adriano Koch publicou três livros sobre homoafetividade e minorias sociais no Vale. Neste Dia Internacional contra a Homofobia, enaltece a conscientização como meio para manter conquistas e avançar nas liberdades individuais.
• Como foi para você assumir a sua identidade sexual?
Foi um processo difícil, feito de forma muito solitária. Na época, não havia uma socialização LGBT, organizações ou formas de apoio na região. Existiam pouquíssimas referências de pessoas com uma identidade de gênero diferente da binária homem-mulher. Como eu era uma pessoa do interior , o pouco que se via era pela televisão.
• Como foi a reação da família?
Por ter sido algo gradual, e não da noite para o dia, a minha família foi se acostumando. Os mais próximos, da minha casa, foram percebendo as diferenças e se acostumando com elas, porque o que importava para eles era que o ser humano tivesse caráter. Com os menos próximos, a rejeição era intensa. Esses reagiam bastante mal, queriam que fosse dado algum jeito de resolver algo que eles viam como problemático. Sugeriam que eu deveria apanhar.
• Quando você percebeu que poderia se tornar um ativista?
Eu iniciei essa caminhada por uma necessidade pessoal, de marcar a minha existência dentro dos espaços onde circulava. Em seguida, percebi que outras pessoas também tinham essa necessidade, e não apenas do grupo LGBT, mas pessoas de etnias diferentes, como as populações indígenas e os negros. Isso fez com que eu pensasse em me posicionar de alguma forma. A maneira que eu consegui me posicionar naquele momento, isso nos anos 2000, para conversar com a comunidade, foi a escrita e a publicação de textos em jornais da região.
• Quais são as principais dificuldades na região?
A gente ainda está muito distante de uma politização efetiva da própria comunidade LGBT. Carecemos de mais debates sobre a temática. A falta de informação faz com que as pessoas se manifestem, mesmo quando querem apoiar a causa, de uma maneira um tanto equivocada.
• Como você avalia o momento atual da sociedade quanto a tolerância e respeito às liberdades?
A conjuntura política nos levou a um cenário de reacionarismo e conservadorismo. Hoje me parece que essa onda tem vínculos com o cenário político e levou as pessoas a se posicionarem abertamente, de maneira muito crua e que traz bastante desconfiança à comunidade LGBT.

Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br

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