O crescimento de alguns bairros gera conflitos quase que inevitáveis. Para os moradores do São Cristóvão, mais precisamente da área próxima à av. Piraí, um dos novos centros comerciais do município, as novas construções geram reclamações por parte de pedestres e motoristas, em função dos tapumes instalados próximos às pistas de rolamento.
A polêmica maior ocorre justamente na esquina entre a Piraí e a rua Coelho Neto, nas proximidades dos novos prédios da Unimed e da Sicredi. Motorista de caminhão faz quase 30 anos, Pedro Antônio Braun reclama da falta de visibilidade naquele entroncamento. Para ele, os tapumes atrapalham o trânsito.
“A obra na esquina invade a calçada das duas ruas. Com isso, os pedestres são obrigados a andar pelo meio da rua em alguns pontos, correndo risco de serem atropelados”, avalia. Além disso, comenta o caminhoneiro, os motoristas que circulam nas duas vias enfrentam dificuldades para visualizar outros carros trafegando pela rua oposta. “Perdemos o ângulo de visão.”
Moradores também se queixam de outras obras. Em uma dessas, na rua Guanabara, a queixa é sobre depósito de materiais sobre a calçada e via pública em determinados dias e horários, o que também estaria dificultando o passeio dos pedestres. O mesmo estaria ocorrendo em outro empreendimento, na rua João Boll.
“Essa via é bastante estreita e tem construtor deixando só um carro passar. É um absurdo”, reclama José Reis, que voltou a morar faz quatro anos no bairro. “As obras invadem as vias. Estive em outras cidades e não vejo calçadas ou ruas invadidas por tapumes. Já vi mães com carrinhos de bebê andando no meio da rua. Protocolamos na prefeitura e nada.”
Construtores cientes dos percalços
Roberto Luchese é um dos sócios da Construtora e Incorporadora Lyall, uma das empresas que mais investe naquela área. É dela, também, a obra localizada na esquina entre a Piraí e a Coelho Neto. Ele lamenta os transtornos momentâneos e garante que a direção do empreendimento já contatou com a associação de moradores para buscar soluções.
“Os tapumes se devem a escavação de três subsolos que está sendo realizada no terreno, para não gerar risco para a população. Isso deve ser reduzido até o fim do ano, e algumas alterações já foram acordadas entre Lyall, prefeitura e presidente da Associação de Moradores do São Cristóvão”, diz Luchese.
Entre as alterações já acordadas, a inclinação de 45 graus no tapume da esquina. “Também propomos a instalação de um quebra-molas na esquina, devido ao excesso de velocidade de alguns motoristas”, diz. A empresa também realizou o prolongamento do canteiro da Piraí.
Por fim, Luchese avisa que a empresa doará cerca de R$ 500 mil na execução de uma praça pública ao lado do empreendimento em construção. Serão cerca de cinco mil metros quadrados de área de lazer. “Em contrapartida, há todos os incômodos que naturalmente essa obra está gerando e vai gerar”, finaliza ele.
O que diz a lei
“Quando o tapume de uma construção for liberado para ocupar parcial ou totalmente o passeio público, é obrigatória a construção de um brete com uma altura não inferior a 2,50m, devidamente pintado, com a largura de l,50m, no mínimo, a partir da parede do tapume, devendo, na hipótese do previsto no “caput” do art 17, o brete ser construído na forma de galeria. No ínício do brete e no final do mesmo, deve ser colocado rebaixamento para cadeirantes, de 100 centímetros de largura.”
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br