A falta de itens básicos em instituições da rede municipal gerou polêmica nesta semana. Em pelo menos duas escolas, as direções solicitaram aos pais de alunos doação de papel higiênico, cujo fornecimento foi interrompido por parte do Executivo.
Conforme o governo, o motivo é a suspensão de algumas modalidades de compras públicas por determinação da Justiça, em meio à Operação Schmutzige Hände.
Um bilhete da direção da escola Leopoldo Klepker, no bairro Alesgut, enviado nessa segunda-feira, 14, por meio dos estudantes, causou reação de pais. “Devido aos problemas ocorridos em relação às licitações, solicitamos aos responsáveis que enviem junto com seu/sua filho/a dois rolos de papel higiênico, visto que sempre recebemos o material de limpeza e higiene da prefeitura e, no momento, a informação que temos é que não tem mais”, consta no comunicado.
“A minha reação foi de susto ao ler o bilhete. Papel higiênico é uma necessidade tão básica, e das mais baratas”, afirma Aline Klein, mãe de um aluno. Ela classifica a situação como lamentável e preocupante. “Começa com o papel higiênico. Daqui a pouco podem faltar outros itens, como folhas de ofício ou alimentos para a merenda”, comenta.
Segundo Aline, o problema não é ter que comprar o item, mas o fato de a carência do material básico ser consequência de suspeitas de corrupção envolvendo o governo municipal. “Não é pelo custo, mas como explicar isso às crianças. É complicado. Isso nunca tinha acontecido em Teutônia. Chega a ser ridículo”, ressalta.
De acordo com a diretora da escola, Roseli Hartmann, o bilhete foi enviado com a intenção de suprir a necessidade de forma provisória. “Sentimos pela repercussão que causou o pedido de colaboração. A única preocupação era não deixar faltar o papel. Acredito que nos próximos dias a situação vai se resolver”, afirma.
Conforme Roseli, a maioria das famílias compreendeu que a instituição não tem culpa da falta do material e ajudou nas doações. “Infelizmente, estamos nessa situação, mas se cada um der um pouquinho a gente pode resolver”, acredita a diretora. Segundo ela, o Círculo de Pais e Mestres (CPM) já se prontificou em fazer as próximas compras caso necessário.
O mesmo pedido foi feito pela escola Alfredo Schneider, no bairro Teutônia, há cerca de duas semanas. Mãe de um estudante, Rejane Becker considera a situação um “absurdo”. Ela também tem receio que outros itens importantes da rotina escolar, além do papel higiênico, podem ter o fornecimento comprometido. “Isso é uma vergonha. As crianças não têm culpa do que aconteceu e estão sendo prejudicadas”, opina.
A direção da escola assegura que não faltarão outros materiais. Se houver novas carências, a instituição também usará o recurso do CPM para comprar os itens.
Papel toalha
Na escola Teobaldo Closs, as compras mais recentes de materiais de limpeza, como água sanitária, detergente e sabonetes, foram feitas pela direção, com o dinheiro do CPM. Os recursos são arrecadados por meio de mensalidades espontâneas, rifas e uma atividade mensal de venda de lanches chamada “merendão”.
Conforme a diretora Shana Muller Vogel, o papel higiênico ainda não faltou devido às sobras do estoque do fornecimento do ano passado. A carência do momento, porém, é o papel toalha. Com cerca de 700 alunos, há preocupações com a proximidade do inverno, em razão dos riscos de contaminação com a gripe A.
Resposta do governo
Em nota, o governo municipal informa que a interrupção do fornecimento foi causada pela determinação da Justiça, em primeira instância, para que o município “se abstenha de efetuar pagamentos vinculados às dispensas e inexigibilidades de licitação”. Segundo a assessoria jurídica, há um pedido protocolado no Tribunal de Justiça solicitando o cancelamento dessa decisão.
“Contudo, o fornecimento em tela teve retardamento por força do andamento de processo licitatório de pregão, inclusive com vários fornecedores. A licitação que trata de materiais de limpeza deve ser homologada nessa quarta-feira, com posterior regularização do fornecimento de itens aos educandários”, comunica o Executivo.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br
