Instalada ao lado de um dos principais pontos do bairro Olarias, a escola de Ensino Fundamental Nova Viena é conhecida pelos projetos inovadores junto à comunidade escolar. Em 2018, mais um vez, explica a diretora Elisângela Zanatta, é realizada uma pesquisa com a comunidade escolar para investigar temas que podem ser trabalhados durante o ano.
Segundo ela, os pais reforçam muito a questão dos relacionamentos familiares, convívio, limites e redes sociais. “Na convivência com os alunos, também percebemos muito essas lacunas: estão cada vez mais no mundo conectado esquecendo as relações físicas, passeios, conversas, diálogos, programas em família e os amigos.”
Para a diretora, as tecnologias da informação e comunicação estão tomando conta e dominando nossa sociedade. “Estamos cada vez mais dependentes dessas ferramentas e, de certa forma, nos isolando do mundo. A doença do século – depressão – também está trazendo vítimas cada vez mais para perto, para nosso convívio familiar e social. Precisamos tomar algumas providências.”
Foi com base nesse diagnóstico e amparada pelo programa Mundo Digital: dialogando sobre o uso ético, seguro e responsável, desenvolvido com o apoio do Ministério Público Federal, que a Nova Viena se propôs a desenvolver algumas ações que visam contribuir para minimizar gradualmente esses problemas.
Diante disso, a escola já organizou uma caminhada para o ano, mas fará a integração dessa temática de forma sistemática e contínua com o tema gerador “Somos quem escolhemos ser”. “Como já é tradicional, anualmente temos nossa assembleia com pais quando são trabalhadas as combinações referentes à nossa instituição. Este ano inovamos, conforme solicitação dos próprios pais, e tivemos uma conversa com o promotor de Justiça Sérgio da Fonseca Diefenbach.”

Luana de Souza e Carolini Chaves divulgam informações sobre cyberbullying na rádio da escola
Nesse encontro, relata Elisângela, os alunos exploraram a temática de relações interpessoais. O promotor apresentou um panorama de como está o relacionamento nas famílias, mostrando que muitas vezes a tecnologia está em primeiro lugar. “Comentou também como os pais poderiam intervir para tentar amenizar esse problema.”
Leituras, jornal e filmes
Para atrair ainda mais a atenção dos estudantes acerca do tema, os alunos dos 6º e 7º anos estão lendo o material “Diálogo virtual 2.0: preocupado com o que acontece na internet? Vamos conversar?”, disponibilizado pela promotoria.
Essas atividades também serão divulgadas nas redes sociais, a fim de promover um diálogo ainda mais amplo, conta a diretora.
Já os alunos do 8º ano trabalham em um projeto de jornal escolar.
O programa também chega às turmas dos anos iniciais. Com eles, a direção programa atividade com a “sacola da leitura”. “Na sacola, haverá inúmeros materiais, como livros, revistas e textos, de reflexão acerca desse assunto. Os alunos levarão para casa onde poderão explorar com seus familiares, fazendo um registro no Diário de Bordo.” Inicialmente, será desenvolvida com as turmas do 5º ano.

Alunos mais novos aprenderam mais sobre a história do dinheiro e das negociações
Por fim, os estudantes assistirão ao filme Cyberbullying: a violência virtual. “Aborda muitas realidades encontradas, inclusive, na nossa comunidade.” Durante essa fase do programa, conclui a diretora, serão explorados temas como convívio familiar, invasão das tecnologias nos lares, benefícios e malefícios das redes sociais, bullying e cyberbullying, diálogo e confiança na família e escola, entre outros.
Reflexão sobre o gasto do dinheiro
Na escola de Ensino Fundamental Capitão Felipe Dieter, a diretora Jeanine Auler é quem fala sobre o inovador projeto de Educação Financeira. São 93 alunos atendidos em tempo integral. “Iniciou este ano em nossa escola, como complemento curricular, para todos os alunos, de Educação Infantil ao 6o ano. O projeto está sob responsabilidade da professora Ana Paula Tomazi Siqueira”, conta.
Para Jeanine, o programa contribui na formação do aluno, na medida em que oportuniza uma reflexão sobre o melhor uso do dinheiro no dia a dia das crianças e das famílias, além de contemplar estudos relacionados, conforme a idade e interesse dos alunos.
Na Educação Infantil, informa a diretora, o trabalho já iniciou durante o primeiro trimestre. “Iniciamos conversando sobre o que é dinheiro, de onde veio, para que serve, porque é tão importante no nosso dia a dia. Conversamos também sobre o que podemos comprar, como ajudar os pais e a escola a economizar.”

Jogos como o Banco Imobiliário foram disputados em sala como forma de aprendizado
As professoras leram para os alunos o livro O Pé de Meia Mágico. Conta a história de dois irmãos gêmeos, que pensam e agem diferente no cuidado com os brinquedos. A partir da leitura, os estudantes foram estimulados a cuidar de seus pertences, materiais escolares, ambientes da escola e também a economizar nas compras da cantina.
“Refletimos sobre a importância de fechar a torneira na hora de escovar os dentes, desligar a luz quando sair dos ambientes, servir apenas o que irá comer.” Ainda de acordo com Jeanine, foram realizadas ao longo do trimestre várias atividades escritas e orais; jogos; massinha de modelar; envolvendo os números de 0 a 9, quantidades, traçado do número, sequência numérica.

93 alunos são atendidos em tempo integral na escola do bairro Imigrante. Objetivo é capacitação, também, financeira
Demais ciclos
Entre os alunos do 1º e 2º ano, as atividades foram um pouco mais complexas. Cada um confeccionou uma cédula de dinheiro, desenhando o que gostaria de comprar e uma nuvem azul, escrevendo com letras grande e diferentes o que o dinheiro não compra. “Foi um trabalho bem legal, em que eles conseguiram expressar sua criatividade”, avalia a diretora.
Durante a troca de ideias entre professores e estudantes, conta ela, foi idealizada uma nova etapa do programa, que consiste na criação de um minimercado. “Precisaríamos providenciar embalagens vazias limpas, caixa registradora, estante e dinheiro fictício. Ainda estamos organizando o minimercado.”
Alunos do 3o ano também confeccionaram cédulas de dinheiro e estudaram moedas antigas do país. “Analisamos detalhadamente cada cédula e moeda, montamos um cartaz do nosso sistema monetário. Realizamos várias atividades envolvendo o sistema monetário, compra e venda, mais caro ou mais barato, trocas de cédulas por moedas e vice-versa.”
Os estudantes também aprenderam mais sobre preço de custo, preço de venda, lucro e prejuízo de mercadorias. Para enriquecer o estudo, ainda criaram um “produto que não existe”. “Cada um criou o seu, seguindo algumas instruções. Entre essas, projeto, material a ser utilizado, confecção, estipular o preço de custo, venda e lucro obtido, elaboração de uma propaganda e gravação de um vídeo. Foi um sucesso, os alunos se empenharam muito.”
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Ainda no 3o ano, os professores incentivaram a confecção de vários jogos sobre sistema monetário, utilizando material reciclado. Durante o trabalho, foi salientada a importância ambiental de reutilizar as embalagens, da separação de lixo, e do uso de sacolas retornáveis para ajudar a minimizar o problema do lixo. “Além dos jogos confeccionados, jogamos o Banco Imobiliário, ressaltando os aspectos financeiros do jogo.”
4º, 5º e 6º ano também inovam
Dos ciclos mais avançados, as atividades também foram variadas. “Realizamos uma pesquisa sobre as principais moedas do mundo, dando ênfase aos países que fazem fronteira com o Brasil. A turma ainda sugeriu a criação de uma cidade fictícia, e assim surgiu a Escolandriz, a escola mais inteligente do país.” Nessa cidade, conta ela, tem banco, hospital, escola, farmácia, shopping e igreja.
Em seguida, e em grupos, os estudantes criaram as fachadas em cartolina e passaram a estudar e pesquisar o funcionamento de cada uma delas, focando na organização financeira. Iniciaram pelo banco, com atividades de compra e venda, débito e crédito, retirada, depósito e preenchimento de cheque.
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br