Mamãe descolada

Comportamento

Mamãe descolada

A maternidade real envolve amor, desafios e frustrações. Em entrevista, a advogada e mãe Carolina Magagnin fala sobre a arte de maternar. “Não precisamos ser perfeitas”, diz

Mamãe descolada

Entre risadas, beijos, banhos perfumados e brincadeiras, os momentos dignos de propaganda televisiva são uma doce, porém, editada realidade do dia a dia materno. Quem tem filhos sabe que ser mãe é, antes de tudo, superar-se todos os dias.

Entre choros, teimosias, dificuldades e a personalidade forte dos filhos, surge um movimento para mostrar ao mundo que a maternidade real deve aceitar falhas, exaustão, dúvidas e inseguranças.

Os momentos entre mãe e filhos se estendem além do contato de amor fraterno. Permeiam a vida como um todo, seja na rotina de trabalho ou nas obrigações da vida adulta como a temida hora de pagar os boletos. “Nos dizem o tempo todo que mãe é sinônimo de força, garra e coragem. Concordo. A sociedade pinta as mães como seres perfeitos e esse é o ponto-chave. Somos humanas e as pessoas deveriam começar a entender como normal uma mulher ter medo, cometer erros, se sentir esgotada e querer ficar sozinha às vezes”, reflete a advogada e blogueira, Carolina Magagnin, 37, de Arroio do Meio.

_NF_9258

Mãe de duas meninas, Maria Clara, 7, e Antônia, 5, ela relembra as expectativas sobre a maternidade durante a gestação da primeira filha. Carol relata as vivências nuas, cruas e sem edições de como é, na verdade, se tornar uma mãe. “Tudo começa com as nossas expectativas. Pensamos que o nosso filho vai ser aquele tipo de criança que nunca vai se jogar no chão do supermercado e espernear por um produto que não iremos comprar para ele. Ledo erro. Anos depois, lá estava eu com uma teimosinha aos prantos no chão. A primeira lição que aprendemos é que uma criança é simplemente ela e não o que você acha que ela deve ser”, diz.

Em texto publicado em seu blog Mamãe Tem Blog, Carol fala sobre as surpresas de se tornar uma mãe. Em sua escrita em homenagem ao Dia das Mães, discorre acerca das experiências pré-natais, os incontáveis conselhos sobre remédios, toalhas, roupas, rotinas, amamentação e educação. “Não fiz curso de maternidade, nem era necessário, eu já estava craque de tanto ouvir conselhos. […] Já estava diplomada, pós-graduada na arte de maternar.”

Após o nascimento da primeira filha, Carol relembra as sensações de ser mãe. Entre um forte amor e a insegurança de não saber nada na prática, ela discorreu sobre o quão maravilhoso e enlouquecedor é a experiência. “Ter um filho não é matemática. Existe muito mais coisas entre um sim e um não de mãe. Existem muitos pedágios entre a loucura e sanidade de uma mãe. Porque mães podem ser feitas de átomos, matéria, ter peso e massa. Mas nenhuma ciência é capaz de desvendar todos os mistérios que envolve o que é ser mãe. Somente o amor”, conclui.

_NF_9182

A maternidade real, sem edições e com muito carinho

Mãe feminista

A presença das mulheres no mercado de trabalho modificou o papel social tanto delas quanto dos pais. Dividir as tarefas passou a ser regra clara e indiscutível na rotina de Carolina e do marido Leandro. “Quando alguém elogia o meu marido por ele ‘me ajudar’ em casa, nós dois sempre esclarecemos que isso não é ajuda. Trata-se de cada um fazer a sua parte. Não é nada demais”, enfatiza.

[bloco 1]

Entre leituras de obras emprestadas de uma amiga, Carol se descobriu feminista. “Eu nem sabia que era. E posso dizer que o Leandro também se enquadra”, brinca. Conforme ela, o acúmulo de funções da mulher após sua entrada no mercado de trabalho é injusto e penoso. “Certo dia meu marido ficou doente e não teve condições de cumprir com suas tarefas habituais em casa. É claro, eu me desdobrei para dar conta de tudo. Chegou no fim do dia e eu estava exausta. Fico imaginando mães e pais que criam sozinhos os seus filhos. Essas sim são pessoas fortes. Não sei como dão conta”, reflete.

Mamãe adrenalina

Uma das organizadoras da Trilha da Lingerie, Bruna Trojaike Gräbin, 23, é mãe de um menino de quase 2 anos. A 9a edição do evento reuniu mulheres apaixonadas por aventura, que pilotaram jipes, caminhonetes e quadriciclos no evento promovido pelo Jeep Clube de Forquetinha. “Participei de todas as edições da trilha e, mesmo pequeno, o meu filho também já é adepto dos esportes radicais”, diz.

Bruna

Com muita diversão e bagunça garantida, 40 motoristas se inscreveram para o desafio. Habituada com os fins de semana de aventura, Bruna conta que as trilhas fazem parte da rotina dela, do marido Antônio e do filho Arthur. “Assim como em todos os setores da sociedade, nós mulheres estamos conquistando espaço também nos esportes radicais. Mesmo estereotipadas como frágeis, estamos mostrando que o lugar da mulher é onde ela decidir estar”, enfatiza.

Conciliar a maternidade com o hobby aventureiro é tarefa simples e natural para Bruna. “O Arthur pratica o esporte antes mesmo de nascer. Fiz a 7a edição do evento com nove meses de gravidez e foi muito bacana! Com 1 ano e 10 meses, meu filho ganhou um quadriciclo e assim seguimos nos divertindo em família”, relata.

Eleita rainha do Jeep Clube de Forquetinha em 2009, Bruna relembra dos bons momentos que passou aliada ao esporte. “Conheci o meu marido dentro do esporte, me tornei mãe aqui e fiz muitas amizades ao longo dos anos. Eu amo dirigir o jipe”, finaliza.

Mãe mil aventuras

Também presente na Trilha da Lingerie, Andréia Werner, 31, levou o filho Pedro Arthur, de 1 ano. Animada com o começo da aventura, ela conta que participa desses eventos faz 12 anos. Ela e o marido Fabrício não se detêm apenas ao desafio do jipe. “Nós também andamos de bicicleta, caiaque, moto de trilha e barco. E o pequeno Arthur vai sempre junto. São momentos únicos e muito divertidos para toda a família”, diz.

Andréia

Pela primeira vez em Forquetinha, Andréia leva o filho a todas as atividades. “O esporte ajuda no desenvolvimento da autoconfiança, autoestima e estreita os laços familiares”, ressalta. As atividades ao ar livre são uma boa maneira de ampliar a visão de mundo dele. “Não quero que ele cresça vidrado pelos desenhos da televisão, tablet ou celular. Vejo muitas crianças vivendo só nesse mundinho restrito de desenhos digitais e acho uma pena. O meu filho vai aprender, entre outras coisas, a importância de estar em contato com a natureza”, finaliza.

Acompanhe
nossas
redes sociais