Roteirista do canal Porta dos Fundos, o humorista Afonso Padilha estreia hoje, no palco do Teatro Univates, com o espetáculo Espalhando a Palavra. Com o humor na ponta da língua, o colega de Fábio Porchat vem a Lajeado com o seu terceiro show solo, a partir das 20h30min. Os ingressos custam de R$ 20 a R$ 80.
Segundo ele, o espetáculo traz um pouco mais de profundidade para as piadas, porque tem bastante camadas. Ele fala sobre temas como padrões de beleza, o papel da mulher na sociedade, julgar pela aparência. “A cada apresentação, eu consigo amadurecer mais o show”, comenta. No portfólio, tem dois especiais de comédia gravados: Isso Tem que Dar Certo (que foi para a Netflix) e Não Tá Compensando Ser Adulto. Além de criar roteiros, ele participa de shows de humor nacionais e faz parte do grupo de stand up comedy 4 Amigos.
Entrevista
“Em primeiro lugar, a graça”
De família humilde, o comediante Afonso Padilha usa as próprias histórias para escrever os roteiros de seus trabalhos.
A Hora – Como começou esse interesse pelo humor?
Afonso Padilha – Me apresento desde 2010. Resolvi começar a fazer stand up quando assisti ao Danilo Gentili e o Rafinha Bastos, essa galera da primeira geração. Sempre fui meio engraçadão no colégio, sempre tive algumas tiradas e escrevia alguma coisa em vez de estudar, então, já vinha sendo comediante, mesmo sem saber. Em 2009 fiz um blog, vi que tinha uma pegada stand up e resolvi me arriscar nos palcos. Minha infância foi uma infância mais pobre, o que acho que ajudou muito na questão de ser comediante, pois me rendeu muito material e rende até hoje. A comédia tem isso: quanto pior foi a sua história, melhor vai ser a sua história num palco.
Como conheceu o Fábio Porchat e como surgiu a oportunidade de trabalhar para o Porta dos Fundos?
Padilha – Conheci o Fábio Porchat fazendo stand up, ele me assistiu e gostou. Daí, a gente trocou umas duas ideias, e eu falei que tinha um blog. Ele falou que se eu tivesse alguma ideia podia mandar para o pessoal do Porta, que eles estavam começando a pegar gente para escrever. E foi assim que eu comecei a escrever no Porta dos Fundos.
Como fazer humor no cenário de divisão política em que o país se encontra?
Padilha – Ele propicia fazer piada, né? É um bando de gente gritando uma coisa de um lado e outro bando gritando de outro. O comediante é que não pode se posicionar – afinal, ele é anarquista. Tem que bater em todo mundo e mostrar que ninguém está certo – nunca ninguém vai estar certo quando se trata de política. Até porque, no Brasil, a gente entende pouco de política. Teve um vídeo que fiz falando sobre direita e esquerda que tive que estudar um pouco para falar sobre. Quanto mais eu estudei, menos eu sabia e, quanto menos eu sabia, mais eu queria fazer piada a respeito disso.
Bibiana Faleiro: bibiana@jornalahora.inf.br