Centro posiciona Lajeado como referência estadual

CENTRO DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA

Centro posiciona Lajeado como referência estadual

No ano em que o primeiro bebê de proveta do mundo completa quatro décadas, o Hospital Bruno Born inaugura o quarto Centro de Reprodução Humana Assistida do interior do RS. Projeto começou a ser elaborado faz 36 meses. A inauguração ocorre no dia 29. Investimento no complexo alcança R$ 3 milhões. Diante da posição geográfica de Lajeado, estimativa é garantir atendimento para 23 do estado

Centro posiciona Lajeado como referência estadual
Estado

No ano em que a fertilização do primeiro bebê de proveta do mundo completa 40 anos, o Hospital Bruno Born (HBB) inaugura o Centro de Reprodução Humana Assistida. A partir do dia 29 de maio, Lajeado se torna o quarto município do interior do RS a oferecer esse tipo de tratamento – no país, esse número não chega a 30.

Segundo o presidente do hospital, João Batista Gravina, o projeto começou a ser estudado há três anos e sai do papel com a ajuda do Sicredi Lajeado, que financiou o investimento de R$ 3 milhões para a obra e aquisição de equipamentos. O hospital terá três anos para começar a pagar e outros sete para quitação.

Além disso, o banco protagoniza uma iniciativa que Gravina acredita ser inédita no Brasil: o financiamento do tratamento em até 48 vezes. O preço médio da fertilização in vitro é de R$ 13 mil, mas procedimentos mais simples partem dos R$ 2 mil, enquanto os mais complexos podem chegar a R$ 30 mil. “As pessoas deixam para pensar em família mais adiante, e aí começam os problemas de fertilidade. Nosso intuito é facilitar o acesso ao tratamento.”

Segundo o especialista em Reprodução Humana e um dos responsáveis pelo centro Marcos Höher, poucas cidades têm o serviço no RS. No interior, apenas Passo Fundo, Caxias do Sul e Bento Gonçalves. As regiões Centro-Oeste e Sudeste estão desassistidas. Dada a posição de Lajeado, a projeção é possibilitar o acesso a 2/3 do interior gaúcho.

Vindo de Porto Alegre, Höher atua no HBB desde o ano passado e reside em Lajeado, mas já tem vínculo com a região faz 17 anos, pois a família de sua mulher é de Santa Clara do Sul.

Apenas com a divulgação extraoficial sobre o serviço, ele contabiliza pelo menos dez casais que estão à espera da inauguração para iniciar tratamento.

Embriões congelados

Para casais que não pensam em engravidar no curto prazo, mas querem se planejar, será ofertado o aconselhamento e planejamento reprodutivo. Por meio de um exame de sangue feito no próprio HBB, por exemplo, a mulher poderá verificar a quantidade de óvulos – nível que decresce ao longo da vida. “A partir dos 35 anos, restam apenas 10% do estoque de óvulos. A probabilidade de aborto e de o bebê ter alguma síndrome também são maiores”, comenta o médico.

Outro serviço que estará disponível é o de congelamento de óvulos, espermatozoides e embriões. Segundo Höher, não há um limite máximo para o armazenamento do material genético. O custo para esse tipo de guarda é de R$ 750 por ano.

Segundo ele, o congelamento é uma opção para pacientes oncológicos, que podem preservar o material antes do início de tratamentos agressivos. Além disso, já é uma realidade em outros países, onde empresas chegam a custear os valores, para que funcionárias adiem a gestação e não interrompam a carreira.

Mulheres que têm dificuldade em manter a gestação também poderão procurar ajuda da equipe. Por meio de análise cromossômica do embrião e mapeamento do endométrio, são detectadas as causas do aborto, como acidente genético ou reação imunológica do organismo, por exemplo.

Equipe do centro mostrou como deve ficar o espaço, que será inaugurado no dia 29, no sétimo andar do HBB

Equipe do centro mostrou como deve ficar o espaço, que será inaugurado no dia 29, no sétimo andar do HBB

Maternidade compartilhada

O serviço visa ainda solteiros e casais homoafetivos. No caso das mulheres, é possível a maternidade compartilhada, quando uma parceira fornece os óvulos – fecundados com espermatozoides de doadores – e a implantação ocorre no útero da outra. “Isso oportuniza que as duas sejam mães”.

O especialista explica que a doação de óvulos pode ser feita apenas por uma mulher que precise de auxílio médico. Ou seja, se uma mulher produz óvulos, mas precisa de algum tipo de tratamento para engravidar e não tem como pagar, pode doar parte das células para um casal que esteja em tratamento e precisa da doação. Nesse caso, o casal receptor custeia os dois tratamentos.

Já a doação de sêmen é feita de forma voluntária em bancos específicos. Coletar o material masculino é mais simples, e não expõe tanto o doador. Os voluntários têm a identidade preservada e os futuros pais acessam informações sobre o tipo físico e hábitos de vida. De acordo com Höher, um banco de sêmen está em vias de inaugurar em Porto Alegre.

O ginecologista Marcos Höher é um dos responsáveis pelo novo centro

O ginecologista Marcos Höher é um dos responsáveis pelo novo centro

Salas de espera individuais

A construção do Centro de Reprodução Humana começou há cerca de um ano e ocupará 1,1 mil metros quadrados, no sétimo andar do HBB – que já estava reservado para ampliação da casa de saúde. Segundo o diretor administrativo do hospital, Cristiano Dickel, o espaço foi pensado nos moldes de um centro cirúrgico, com entradas diferentes para pacientes (Júlio de Castilhos) e funcionários (fundos).

A privacidade dos pacientes é uma das maiores preocupações da equipe. Por isso, o espaço conta com dez salas de espera individuais. Além de preservar a intimidade dos interessados, os ambientes individualizados evitam comparações e frustrações. “É traumatizante para quem está tentando engravidar há sete anos e passou por três perdas olhar para o lado e ver uma grávida.”

Outro diferencial são os quartos privativos: espaços onde as pacientes podem repousar após o procedimento. Apesar de não haver comprovação científica de que as chances de engravidar aumentam se a mulher descansar após a implantação embrionária, muitas se sentem inseguras em caminhar ou viajar logo em seguida.

Uma vez dentro do bloco, o fluxo de atendimento foi esquematizado para que os pacientes não tenham contato entre si. Mais de 90% dos equipamentos são importados. A equipe é formada por 12 pessoas, incluindo dois embriologistas, dois ginecologistas e dois urologistas.

O centro conta ainda com três consultórios, sala de orientações e estacionamento. A busca pelo tratamento não depende de encaminhamento de ginecologista ou urologista e pode ser feita por iniciativa do interessado.

Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br

Acompanhe
nossas
redes sociais