Com quase 20 anos de estrada, o hippie Albert Silva, 33, cruzou por mais de 20 estados brasileiros e oito países latinos. Natural de São Luiz, do Maranhão, ele veio a Lajeado buscar pedras preciosas para fazer arte.
• Quando começou sua jornada hippie?
Eu tinha 15 anos e muita vontade de desbravar e correr o mundo, mas meus pais não deixavam. Primeiro fugi e fui de carona para cidades vizinhas. Comecei fazendo tatuagens de henna e pulseirinhas. Fiquei poucos dias fora de casa. Na volta, pedi mais uma vez para minha mãe se eu poderia sair em definitivo de casa. Ela pediu para eu esperar ter 18 anos – aí pensei: quer saber: vou é fazer minha caminhada. Comprei uma bicicleta e peguei a estrada sem destino. No fim, acabei me encontrando mesmo nesta história.
• Como é fazer arte na rua?
No início eu gostava da arte. Agora são as pessoas que gostam. Então, tenho que me submeter a esse trabalho para sobreviver. O que mais gosto de fazer são esculturas em arame e metal reciclado. Me inspiro, principalmente em filmes. Vem a imagem na minha cabeça e eu faço. É algo raro que acontece comigo. Quando começo um trabalho, nem eu imagino como ficará no fim. A inspiração simplesmente vem, fico “de boa” na minha, tranquilo e faço meus trabalhos.
• O que você aprendeu nesta jornada sem rumo certo pela América Latina?
Nunca sei muito bem qual será meu próximo destino. Vou seguindo minha jornada. Aprendi muita coisa nestas andanças. Morei dois anos na Argentina. Lá fiz curso de “joalheria”. Isso fez muita diferença no meu trabalho. Faço muita bijuteria. A mulherada adora. Conheci 22 estados, 23 capitais e passei também pela Bolívia, Venezuela, Equador, Colômbia, Peru e Uruguai.
Nessa caminhada toda, vi muita fome e miséria. Pessoas indigentes e esquecidas pelas outras. Para viver na rua, infelizmente, a gente tem que aprender a apreciar todas as indiferenças que existe. Mas também vivi e ainda vivo experiências incríveis – principalmente conhecer muitas mulheres, sem dúvida, a melhor parte de tudo isso.
• Você costuma viajar sem roteiro, onde costuma ficar nas cidades onde chega?
Depende muito. Aqui em Lajeado fiquei na casa de amigos – com direito a churrasco e tudo. Mas dependendo do lugar para onde vou durmo na rua, em rodoviária, praça ou albergues. Sempre deu certo. A gente dá um jeito. Faz parte.
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br