Escapar de polêmicas óbvias é uma das formas de manter um governo estável perante a sociedade local. Em Lajeado, ao assinar um acordo para gastar até R$ 320 mil com a compra de salgadinhos, doces, água, sucos e refrigerantes para eventos institucionais, o Executivo alimentou uma discórdia desnecessária. Abusou da sorte. E não soube explicar a razão de delimitar tetos tão altos para algo tão supérfluo.
Eventos institucionais costumam gerar alguns custos, todo mundo sabe, com petiscos e alguns agrados para os convidados. Não há nada de tão anormal nisso, convenhamos. O atual governo de Lajeado não é o primeiro e tampouco será o último a gastar com tira-gostos sofisticados. Mas ao optar pelo gasto levanta a dúvida: é correto o Executivo ter o direito de gastar tanto com esses “lanches” diante de tantas mazelas acometendo o município?
A ata de registro de preço é salgada. E variada. Pastel folhado, empada, minipizza, minicroissant, torta fria, canapé, bombom, trufa e quindim são algumas peças do cardápio. Sonho, minichurro, pão de queijo, pastel e risole também fazem parte do aguçado edital de licitação. Tem também cachorro-quente. A unidade desse, por exemplo, custará R$ 6,70. Podem ser R$ 14,6 mil só em “hot-dogs”.
Os preços, ao que tudo indica, não fogem tanto do valor verificado nos principais mercados deste setor alimentício, por mais estranha que sejam todas as licitações com apenas um participante, como foi o caso desse registro de preços, superior a R$ 300 mil. Há produtos, inclusive, mais baratos em relação aos editais anteriores. Mas o fato principal, reforço, é: seria moralmente aceitável gastar tanto com algo tão prescindível?
A conclusão para essa pergunta depende de uma série de variáveis. Depende, por exemplo, do quanto estamos gastando com a alimentação de quem, de fato, carece de alimentos. E, se formos para este lado, tal situação ficará ainda mais embaraçosa para o Executivo.
Faz pouco mais de um mês, a mesma prefeitura realizou processo licitatório para comprar cestas básicas. Diferente dos docinhos, minichurros e canapês, cada unidade daquela compra continha arroz, açúcar, farinha de milho fina, farinha de trigo especial e, também, feijão-preto, leite em pó integral, massa parafuso com ovos e óleo de soja. Para adocicar, um pote de doce de frutas e um pacote de achocolatado em pó.
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Assim como o paladar dos editais é distinto, os valores limites propostos pelo Executivo também foram distintos. Enquanto estão previstos até R$ 320 mil para as guloseimas distribuídas a esmo nos eventos públicos, o caixa da prefeitura prevê apenas R$ 59 mil para cestas básicas em 2018.
Talvez esses R$ 59 mil até sejam suficientes para a realidade local. Mas é absolutamente imoral prever mais para quem precisa menos. O governo permite, em um mesmo ano, a compra de até 7,1 mil garrafas de “refri” a um custo de R$ 45 mil, e apenas 1,2 mil cestas básicas por R$ 60 mil. Uma estranha distorção.
O governo errou feio. Grosseiramente. E o histórico de gastos corrobora com isso. Em 2016, foram R$ 46,4 mil com guloseimas, sucos e refrigerantes. No ano passado, R$ 28,4 mil. Não foi gasto, nos dois últimos anos, sequer 25% do valor total orçado para 2018, com praticamente os mesmos itens. Por que, então, uma estimativa tão alta para algo tão insignificante? A resposta ainda está no ar…
Vandalismo contra a natureza
Plantadas há dez dias ao longo da calçada da rua Francisco Oscar Karnal, no trecho próximo ao Parque dos Dick, algumas mudas de ipê-amarelo e primaveras foram alvo de vandalismo nesta semana. A constatação do ato ocorreu na manhã de segunda-feira. A equipe da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agricultura de Lajeado verificou o corte de algumas mudas. Outras tiveram as estacas de sustentação quebradas ou derrubadas. Nada justifica!
Nova sede da câmara
O presidente da câmara de vereadores de Lajeado demorou, mas resolveu reacender de vez a polêmica sobre a construção da sede própria do Legislativo. Propõe, além da permuta de terrenos públicos para custear o empreendimento, um concurso entre estudantes de Arquitetura para estudos e projetos referentes à obra. A Univates entraria de sola na jogada. Mesmo assim, todas as perspectivas dão conta de que, mais uma vez, o assunto não irá adiante.
Tiro curto
– Em Lajeado, o prefeito Marcelo Caumo resolveu criar uma comissão permanente para sindicâncias internas. Serão 17 mulheres e três homens;
– Afinal, por que o Legislativo de Lajeado lançou edital e depois cancelou a contratação de uma consultoria para estudar a nova Lei Orgânica, e cujo contrato seria firmado sem licitação com a União dos Vereadores do Rio Grande do Sul?
– Hoje, a Clínica Central completa 32 anos. No período, foram mais de 22 mil atendimentos;
– Transferência de ponto de táxi de São Jacó para o Boa União, em Estrela, gera reclamações por parte dos moradores da primeira localidade;
– A possível concessão da BR-386 sofre uma reviravolta aos 45 minutos do segundo tempo. A CIC Vale do Taquari agora se posiciona contrária, e diverge da posição do Codevat. A primeira é contra dois pedágios entre Lajeado e Porto Alegre. Já o conselho é favorável;
– Na região, apenas dois prováveis candidatos à Assembleia Legislativa têm experiência por lá: Enio Bacci, do PDT, e Luís Fernando Schmidt, do PT;
– Até quando nosso Vale do Taquari e regiões próximas serão alvo dos assaltantes de bancos? São inúmeros casos. Houve morte de policiais. De refém. As comunidades estão aterrorizadas. O que falta acontecer para o governador José Sartori (MDB) olhar para cá?
Boa quinta-feira a todos!
“A economia por si só é uma grande fonte de receitas.”
Sêneca